sexta-feira, 29 de junho de 2012

Capitulo 16 (Maratona)


Todo Mundo Precisa de um Amigo.

Reino de Murdor

No dia seguinte, Joseph já se sentia bem o bastante para se levantar da cama, era um homem forte e não costumava reclamar da vida deitado em uma cama. Tinha que aparecer para os outros soldados antes que começassem a questionar seu sumiço e aquilo gerasse mais alguma confusão e a parte mais difícil... Tinha que parecer bem.
__Tem certeza que isso é uma boa ideia?__ Demetria perguntou__ se eles se revoltarem contra você não vai poder lutar desse jeito, está cheio de dores. Mrs. Galvin disse que deveria esperar pelo menos mais dois dias antes de voltar ao trabalho.
__Não posso esperar dois dias, já estou muito tempo longe, eles vão desconfiar e se vierem até mim vai ser pior__ garantiu__ só preciso fingir que estou bem. Eu vou até lá, ponho eles para lutar, observo um tempo e depois volto para casa, é bem simples.
__Se você está dizendo__ ela deu de ombros, ainda não convencida de que aquilo era uma boa ideia. Aparentemente, nem mesmo o cavaleiro das sombras era invencível. Não sabia se o que ele tinha, mas concerteza aquela era sua semana de sorte, pois escapara da morte duas vezes seguidas e continuava orgulhoso como sempre.

Demetria olhou em sua direção. As cortinas em volta da cama estavam fechadas, o escondendo enquanto ele se vestia, mas como o tecido era meio transparente ela ainda podia ver a silhueta de seu corpo forte e sentiu-se desconfortável.
__Tem certeza que não precisa de ajuda?__ ela perguntou de novo. Ele não conseguia mexer o braço muito bem pois ainda sentia muita dor e ela se oferecera para ajudar com a roupa, mas ele recusara prontamente, não gostava de demonstrar fraqueza. De certa forma desejou que ele não aceitasse, pois estava completamente nu e não era algo que ela quisesse ver. Ou pelo menos repetia a si mesma que não, pois o pensamento a punha nervosa.
__Eu estou bem__ ele respondeu, ela viu quando ele terminou de vestir a calça sozinho, mas sabia que não teria o mesmo sucesso com a camisa, não com o ombro daquele jeito, e então esperou pacientemente que ele se rendesse__ Ok, eu preciso de ajuda.
Ela sorriu satisfeita e se levantou, afastou as cortinas e caminhou até ele. Joseph estava meio escorado na cama, parecendo infeliz com a própria condição, não devia ser fácil para um guerreiro como ele não conseguir levantar a sua espada. Mas era uma condição passageira, ele voltaria a ser o mesmo de sempre em poucos dias, só precisa descansar e ser paciente, duas coisas que pareciam impossíveis para ele.
Ele estava meio descabelado, e sem camisa, com os músculos a mostra, o que deixava Demetria levemente desconcertada, o que achava engraçado, pois depois de ser abusada e ter que aturar a visão de ver o Rei de Murdor completamente nu a sua frente, ver um homem sem camisa não deveria incomodá-la.
Mas com Joseph nada nunca fazia sentido e seus sentimentos estavam incluídos. Ela sabia que deveria odiá-lo, pois afinal estava ali por causa dele, mas depois que lhe contara sua história, ela simplesmente não conseguia recriminá-lo por fazer o possível para salvar a família, e mesmo sabendo que corria o risco de ser morta por ele caso o Rei mandasse, ainda gostaria de ser sua amiga e ajudá-lo de alguma forma. Sua vida estava perdida há algum tempo, mas a dele ainda tinha algum valor, ele tinha pessoas que contavam com a ajuda dele e ela... Bem... Tudo que ela fazia com sua vida era gerar uma guerra.
Enquanto o ajudava a vestir a camisa, não podia deixar de notar o quanto ele era bonito. Antes de conhecê-lo achava que não havia ninguém mais lindo no mundo que seu príncipe Alex, com aqueles cabelos e olhos dourados e gentis. Ela se sentia confortável ao lado dele, sorria fácil com sua gentileza e carinho, era alguém com quem podia passar o resto da vida sem arrependimentos. Mas então tinha Joseph, com aqueles olhos azuis intensos, que demonstravam tudo e nada ao mesmo tempo, aquela imensidão que fazia qualquer um se perder. Ele tinha uma beleza diferente, não era delicado como Alex, tinha aqueles cabelos desgrenhados, a pele morena e áspera com diversas cicatrizes de suas batalhas, cicatrizes que claramente lhe davam orgulho. Tinha aquele corpo musculoso de um guerreiro que arrancava suspiro das mulheres, inclusive dela mesma, embora eles viessem acompanhados de arrepios de medo. A presença dele era perigosa e a deixava alerta todo o tempo e não era um homem de gentilezas.
Mas mesmo assim, havia um pouco de príncipe escondido nele, na sua luta para salvar as pessoas que amava e até mesmo na postura, aquele ar de superior, mas não de uma pessoa metida e sim de alguém nobre como ela, que sabia como falar e se portar, isso quando queria era claro. Apesar de saber a história da vida dele, Joseph continuava sendo um grande mistério e por vezes ela se pegava com vontade de desvendá-lo e era um desejo perigoso para se ter.
__Sabe, não é nenhuma vergonha precisar de ajuda__ Demetria comentou__ não se pode fazer tudo sozinho, todo mundo precisa de um amigo de vez em quando, até mesmo você.
__Eu sei disso__ revirou os olhos__ mas precisar de um amigo para vestir as suas roupas é ridículo demais.
__Eu tinha criadas no castelo que ajudavam a me vestir__ ela sorriu enquanto pegava o cinto dele e punha em sua cintura.
__É claro, os ricos parecem incapazes de realizar as mais simples tarefas sem ajuda__ ele debochou.
__Pelo visto a dor não acabou com o seu senso de humor, que bom__ ela deu um falso sorriso__ sinto falta das minhas criadas, elas não eram só servas, eram amigas também. Aprendi muita coisa com elas, com as moças da cozinha e da limpeza. Elas me ensinaram o que minha mãe não pode.
__O que houve com sua mãe?
__Morreu__ respondeu baixinho, sem olhá-lo, concentrada no cinto__ eu era muito pequena, ela pegou uma doença e não resistiu. Meu pai mudou muito depois da morte dela, se fechou e passou a trabalhar a maior parte do tempo, ele não queria só sentar no Trono e esperar como o Klaus, ele ia para a guerra com seus soldados e eu morria de medo de que ele não voltasse. Eu ficava nos muros da cidade durante horas olhando a espera que ele atravessasse o portão em seu cavalo branco e quando ele finalmente chegava, eu corria e me jogava no colo dele toda contente__ suspirou__ ele apenas dizia oi, me dava um beijo e sumia de novo para cuidar de suas obrigações. Charlie passava mais tempo comigo do que o Rei Robert, nem sei por que meu sumiço faz tanta diferença agora, se a cidade não tivesse sido invadida, ele provavelmente nem teria notado que eu desapareci.
__Isso não é verdade.
__Eu sei que ele me ama e fez o melhor que pode__ ela o olhou de lado pegando a espada sobre a cama__ mas não acho que eu valha o esforço. Muito menos a perda de tantas vidas, às vezes eu só queria que você ou Klaus me matassem de uma vez e tudo isso terminaria__ ela pôs a espada na bainha.
__Não está falando sério, você não quer morrer__ ele a fitou com descrença.
__Não é uma questão de querer comandante, se eu pudesse escolher estaria no meu Palácio passeando no jardim de mãos dadas com o homem dos meus sonhos, sonhando com o dia do meu casamento e em como seria minha noite de núpcias. Mas ao invés disso estou trancafiada em uma cidade que detesto, com pessoas que me detestam, servindo de prostituta para um homem nojento e repulsivo. E para que tudo isso? Para que meu pai e o Alex juntem um exercito, matem um monte de pessoas inocentes no processo da guerra e eu possa voltar para casa para viver a minha vidinha medíocre? As coisas nunca mais serão como antes__ ela se afastou minimamente para fitá-lo e ver se faltava alguma coisa__ eu sou uma pessoa diferente daquela princesinha assustada que você seqüestrou semanas atrás. É essa garota que estão vindo resgatar, mas não perceberam ainda que ela já morreu. Foi morrendo aos poucos junto com as lágrimas... Nem chorar mais eu consigo e juro que nos últimos dias tentei. Estou seca por dentro.
__Sinto muito por você.
__Você já tem os seus próprios problemas comandante, do mesmo jeito que não quer a minha pena, também não quero a sua, é a ultima coisa de que preciso agora, isso de nada me ajudará. Demorei a perceber, mas estou sozinha agora.
__Não está sozinha princesa, sei que tem medo do que acontecerá com sua família quando vierem lhe buscar, mas eles lutam por você, porque se importam... Se sente sozinha mas não está.
__Meu pai vem porque ele precisa vir, mas depois do que passei aqui sinto que não o conheço mais, as atitudes dele... E Alex... Ele vem atrás de sua futura esposa, mas não posso mais fazer isso, me casar com ele. Ele é um príncipe e merece uma princesa.
__Você é uma princesa.
__Não sou mais e agradeceria se parasse de me chamar assim e dissesse o meu nome.
__Você não é nada do que eu esperava, prin... Demetria__ ele se corrigiu.
__Não me conhecia o bastante para esperar qualquer coisa de mim, mas sabe agora quem eu sou__ ela disse séria__ se eu pudesse, diria a eles para não virem a meu encontro, diria que me deixassem para trás. Eu quis muito ser salva, agora não acho que valha a pena, mas também sei que nada do que eu diga vai fazer diferença. Klaus vai arrumar outro jeito de matá-los sem me usar como desculpa.
Joseph a fitou em silencio por um momento, percebendo de repente que a princesa era mais corajosa ainda do que ele tinha suposto anteriormente, talvez porque ela não tenha chegado ali com aquela coragem, mas a tinha ganhado ao longo do caminho, exatamente como acontecera com ele. Joseph chegou ali como um menininho de dez anos assustado, mas crescera e se tornara um guerreiro corajoso que ninguém podia derrotar e ela... Ela deixara de ser uma princesinha indefesa e virara uma mulher forte, capaz de aguentar o que a vida lhe mandasse, assim como também fora com Paola. Ela tinha conseguido... Tinha ganho seu respeito e sem fazer nenhum esforço.
__Acho que já está pronto__ ela disse o observando distraidamente__ só precisa dar um jeito nesse cabelo e vai estar apresentável.
Ela se esticou um pouco, na ponta do pé e passou as mãos gentilmente pelos cabelos dele, para tentar arrumar um pouco a bagunça que se encontravam. Joseph fechou os olhos automaticamente, apreciando a caricia que os dedos dela faziam, não costumava ter ninguém para cuidar dele dessa forma, além de Paola que de vez em quando bancava a mãe, e era uma sensação agradável.
Demetria o observou sem parar o que fazia, ali de olhos fechados, com a sugestão de um sorriso nos lábios e seu coração disparou. Parecia tão inocente naquele momento, tão vulnerável. Seus olhos se fixaram nos lábios dele e se lembrou do que acontecera dias atrás, parecia que tinha se passado uma eternidade desde que ele a segurara daquela forma, a imprensara na parede com seu corpo e a beijara apenas para provar que não era um covarde. Quase pode sentir as mãos dele em suas pernas, o calor do corpo dele contra o seu e o sabor dos seus lábios, invadindo-a de forma intima, como se a conhecesse e soubesse exatamente o que fazer para deixá-la sem forças, sem defesas.
Quando voltou a si percebeu que ainda tinha as mãos nos cabelos dele, não mais ajeitando, mas sim acariciando com cuidado e ele a fitava com atenção, com seus grandes olhos azuis sem piscar. Gostaria se saber o que ele estava pensando naquele momento, será que também se lembrava? Mas então recobrou a sanidade e se afastou, tossindo e corando envergonhada, dando vários passos para trás e sem coragem de olhá-lo novamente.
__Já pode ir__ ela murmurou apressada__ contando que não mexa o braço acho que eles não vão perceber nada.
__Obrigada__ ele disse.
Ela assentiu desajeitadamente e sem mais nenhuma palavra ele saiu pela porta. Demetria se deixou cair na cama e pôs a mão no coração, sentindo-o descontrolado dentro peito, respirou fundo várias vezes e se perguntou se não estaria enlouquecendo. Não seria grande surpresa, tudo estava completamente fora do lugar.

Interpretando um Papel

Joseph encontrou boa parte de seus homens perto da pequena arena de treino, mas ninguém estava trabalhando, estavam apenas conversando, rindo e passando o tempo. Joseph tinha posto o seu capuz, o que o ajudava a esconder o rosto e possivelmente algum esboço de dor, se ele não tentasse levantar o braço ficaria tudo bem, mas era bom não arriscar.
__Que bom que estão se divertindo__ murmurou com aquela sua voz grossa que causava arrepios na espinha.
__Comandante__ os homens se levantaram imediatamente, alguns com medo, outros com ar de desafio.
__Porque não estão trabalhando?__ ele perguntou__ só porque eu não estava presente, não significa que vocês estão de folga, ou por acaso acham que o Reino se defenderá sozinho?
__Se você não veio trabalhar, então porque nós deveríamos?__ um deles questionou.
__Eu não estava por ai curtindo a vida, estava cuidando de assuntos do Rei Klaus e se não lhes contei é porque não lhes dizia respeito__ mentiu facilmente__ vocês acharam mesmo que poderiam me pegar com aquela emboscada fajuta? Pensam que sou idiota? Matei aqueles homens com facilidade e mato todos vocês se continuarem a me atrapalhar. E mais um aviso, se algum de vocês se quer pensar em tocar na princesa de Severac outra vez, vão se arrepender profundamente.
__Porque não podemos nos divertir um pouco com ela? O Rei não precisa saber.
__Ela não é um brinquedo seu bando de inúteis, é a nossa moeda de troca, é aquilo que vai nos trazer a vitória contra Severac__ ele disse irritado__ mas não poderemos usá-la se acabarem matando ela. Se querem se divertir, bordéis é o que não faltam nessa maldita cidade, agora ponham um pouco de juízo nessas suas cabeças ocas e voltem ao trabalho antes de eu corte vocês em pedacinhos.
Ninguém se moveu, eles se entreolharam nervosos, sem saber ao certo o que fazer. Joseph bufou, e como não podia usar a espada por causa do ombro que doía, pegou com a mão boa uma faca no cinto e a segurou com firmeza.
__Se algum de vocês ainda tem algo para resolver comigo, alguma reclamação ou desafio, falem agora. Podem vir com suas espadas, suas armaduras e eu acabo com cada um de vocês só com essa faquinha, sabem que eu posso... Viram muito bem o que fiz com os últimos oito e hoje estão com um humor pior do que estava naquele dia, só para que saibam.
Todos continuaram em silencio. Joseph agradeceu por isso, podia realmente lutar, mas preferia não arriscar, não enquanto estivesse sentindo tanta dor, aquilo atrapalharia seus movimentos e não precisava de mais cicatrizes.
__Cadê a coragem de vocês agora seu bando de merdas?__ ele resmungou__ andem, vão trabalhar e se recusarem a sair do lugar vão se arrepender também. Vão logo antes que eu mude de ideia.
Finalmente, nada satisfeitos com a situação, eles saíram do lugar e voltaram ao seus postos e atividades. Quando estava sozinho, Joseph suspirou aliviado e guardou novamente a faca, sentando-se em um canto sobre a sombra. Estava sentindo-se estranho aquela manhã, sentia-se uma pessoa diferente, era como se não estivesse agindo naturalmente e sim interpretando um papel idiota. Estava começando a se cansar de ser o cara mau o tempo inteiro, sempre alerta a algum risco de morte. Quando será que teria alguma paz? Quando será que aquilo ia acabar?
Fim do Capítulo 

12 comentários:

  1. ahhhhhhhhhhhhhhhhhh, lindooooooo

    a demi ta se mostrando cada vez mais forte ... e o joseph ta amolecendoo

    to amando a maratona =)))

    posta logooo

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  2. ooooohhhhh, o joseph esta ficando apaixonado que fofo............
    Que pena que a maratona ja quase acabando, amei....
    posta logo.......

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  3. OMG que capitulo perfeito posta mais

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  4. Awwww eles se amam *---*
    Posta logo!!! xx

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  5. Awwww que momento fofura entre eles foi esse?
    Amei
    Vou tentar ficar acordada para ler os últimos. =)

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    1. Ah amr desculpa te por postar tão tarde é q eu resolvi postar de 2 em 2 horas pra ficar mais organizados pra vcs e deu esses horarios e olha q eu motifiquei ele q eu ia começar a postar as 14:30 e ia termina a 00:30 ... Postei ... Beijos

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