sexta-feira, 29 de junho de 2012

Capitulo 17 e Capitulo 18 (Fim da Maratona)


Superando Desafios.

Reino de Murdor

Joseph respirou fundo uma vez antes de erguer a espada e fazer um movimento rápido com a mão, cortando o ar como se fosse um de seus inimigos. O ombro doeu com o esforço, muito menos do que dois dias atrás, mas ainda era uma dor incomoda que o impedia de usar toda sua força. Os pontos do ferimento já tinham caído, mas ainda não era agradável de olhar e qualquer contato coçava, por isso quando não estava na presença dos outros soldados evitava usar camiseta para não irritar. Paola, Peter, Demetria, Harry e Mrs. Galvin observavam enquanto ele treinava, como se fosse um show super interessante, estavam todos num espaço atrás da casa dele onde ninguém ia, então não corriam risco de serem vistos. Joseph não estava acostumado com tanta atenção e fez o possível para não se estressar com os olhos sobre ele.
__Aposto que agora eu conseguia derrubar ele__ Peter comentou__ olha como está lento.
__Não deixe ele ouvir você dizer isso__ Paola disse rindo.
__Eu já ouvi__ Joseph o olhou de lado__ venha até aqui e provo que está errado.

O menino arregalou os olhos um momento, mas depois se recuperou e sorriu.
__Não, eu só ia machucar você ainda mais.
__Claro que ia__ Joseph riu revirando os olhos.
__Não devia fazer tanto esforço__ Mrs. Galvin advertiu__ pode acabar piorando.
__Não posso ficar muito tempo sem movimentar o braço, isso sim vai piorar__ discutiu, ele nunca ouvia os conselhos de ninguém.
__Ele é tão teimoso__ Demetria revirou os olhos.
__Ele tem razão__ Harry interveio__ não é bom para um cavaleiro ficar muito tempo sem treinar, ainda mais quando se machuca, pode acabar perdendo a habilidade.
__Ainda acho um erro__ Mrs. Galvin disse.
Joseph ignorou o comentário de todos, ele sabia o que era melhor pra ele, sempre foi assim, ninguém podia lhe dizer o que deveria fazer. Treinou mais alguns movimentos, depois largou a espada em cima do murinho junto com a camisa e o manto e pegou as duas espadas de madeiras que usava para treinar com Peter.
__Venha, vamos treinar__ ofereceu uma das espadas a ele__ vai me ajudar assim.
__Hum... Mrs. Galvin não acha que é uma boa ideia__ o menino murmurou, mas obviamente estava tentado.
__Lembra do que eu disse em nosso ultimo treino?__ Joseph perguntou__ o que aconteceria se você conseguisse me acertar?
__Disse que eu ganharia um prêmio especial__ o menino sorriu de orelha a orelha e quando Joseph assentiu com um aceno ele se levantou de um salto e correu até ele, pegando a espada de madeira e assumindo a posição de luta.
__Vamos ver se você andou praticando como eu mandei.
E os dois começaram a lutar. Demetria e os outros ficaram apenas em silencio observando e sorrindo, o único som era o das madeiras se chocando e dos gritinhos e murmúrios dos dois enquanto lutavam. Era impossível não sorrir com aquela cena, Joseph brincando com o menino como se fosse seu filho, nessas horas ele parecia tão... Normal.
Joseph era muito resistente, apesar da dor que sentia, em nenhum momento fraquejou ou parou com os movimentos, ele suportava tudo sem reclamar. Depois de vários minutos naquela brincadeira, em que Demetria resolveu torcer pelo Peter, incentivando o menino e arrancando uma risada e uma revirada de olhos do cavaleiro das sombras, ele acabou errando um movimento e Peter acertou sua perna com a espada de madeira.
__EU CONSEGUI__ ele gritou de olhos arregalados, sem conseguir acreditar naquilo__ eu consegui mesmo, eu consegui.
__É verdade, você conseguiu, me derrotou__ Joseph fez uma careta de decepção, mas era obviamente falsa. Ele não precisava dizer nada para que soubessem que ele deixara que o menino ganhasse de propósito.
Ele caminhou novamente até onde estavam suas coisas e pegou um embrulho fino e comprido que esteve escondido sobre seu manto.
__Como prometido__ ele estendeu o embrulho ao Peter__ seu prêmio.
O menino abriu o embrulho ansioso e tirou dentro uma espada. Uma espada de verdade e não de madeira, com bainha e tudo para que ele prendesse ao cinto. Era uma espada bem menor que do que o normal e também mais fina, feita especialmente para uma criança, mas era linda e Joseph nunca vira Peter tão contente na vida.
__É minha?__ ele olhou para Joseph com os olhos brilhando.
__Mandei o Harry fazer especialmente para você__ ele concordou__ gostou?
__É incrível__ ele sorriu e correu para abraçar Joseph, se jogando nos braços dele.
__Você mereceu garoto__ Joseph o soltou e bagunçou os cabelos dele__, mas tem que tomar cuidado com isso, lembre-se que não é um brinquedo, é uma espada de verdade e pode se machucar com isso, tem que ter responsabilidade.
__Tudo bem, eu vou ter__ ele concordou__ vou mostrar ao meu pai.
E ele saiu correndo e rindo de volta pra casa.
__Foi muito legal isso que fez__ Demetria comentou__ deixá-lo ganhar.
__Eu não fiz nada__ ele disfarçou, mas depois sorriu__ ele é só uma criança, precisa de alegrias de vem em quando.
Paola fitou Demetria discretamente, observando enquanto a princesa olhava para Joseph e sorria e sorriu também, um sorriso secreto e somente seu.
__Vitória está no La Luna?__ Demetria perguntou a Paola__ quero visitá-la, já faz alguns dias que não a vejo.
__Está sim, quando sai ela não tinha trabalho, concerteza vai ficar feliz em vê-la.
__Tudo bem, eu vou até lá... Volto mais tarde.
__Não devia passear por ai sozinha__ Joseph advertiu.
__Não posso ficar trancafiada para sempre__ a princesa resmungou.
__Você tem sorte que Klaus te deixa livre para vagar por ai e não te tranca em uma cela como os seus outros prisioneiros.
__Eu a acompanho__ Harry se ofereceu.
__Obrigada__ ela sorriu para ele.
__Mas ponha isso__ Paola tirou seu manto com capuz e entregou a ela__ é bom que os homens não te reconheçam.
__Tente não arrumar encrencas__ Joseph disse__ ainda não estou com disposição para correr atrás de você.
__Não se preocupe comandante.
Ele observou enquanto ela punha o capuz e sumia em direção ao Bordel com Harry logo atrás. Ninguém mais tinha notado os sorrisos largos de Paola, mas ele a conhecia bem demais para saber o que ela devia estar pensando e fechou a cara.
__Quer treinar comigo?__ ofereceu a espada de madeira a ela.
__Não sei manejar uma espada.
__Sabe o suficiente para me ajudar, venha... Prometo pegar leve com você.
__Tudo bem__ ela revirou os olhos.
Então Mrs. Galvin assistiu enquanto Joseph e Paola treinavam com as espadas de madeira.

Estranhos Desejos

Demetria passara a tarde inteira no La Luna conversando com Vitória e com as outras meninas, já fazia alguns dias que não as via e estava com saudade, se surpreendeu com quantos assuntos tinham para discutir, aquelas meninas sabiam de tudo que acontecia no Reino, diziam que era porque os homens gostavam de falar, principalmente quando estavam satisfeitos entre os lençóis e Demetria apenas ria com suas histórias. Vitória estava animada com a gravidez, e não parecia se importar por não saber quem era o pai, o fato de ter algo seu era o suficiente.
Quando saiu do Bordel já era noite e Harry a acompanhou de volta a casa de Joseph. Despediu-se dele e agradeceu a escolta e então entrou na casa. Tudo estava escuro, exceto pela luz de algumas velas, como sempre. Joseph já estava na cama e depois de se livrar do manto e ela caminhou até ele para saber como estava. O encontrou se revirando inquieto na cama, estava sem roupa alguma, coberto até a cintura apenas pelo lençol e estava suado, parecia sentir dor.
__O que aconteceu?__ sentou-se na cama ao lado dele e estendeu a mão para tocar sua testa__ está ardendo em febre.
__Acho que Mrs. Galvin tinha razão, aqueles exercícios não foram boa ideia__ ele disse com um meio sorriso, debochado.
__Você tem que descansar, porque não consegue ficar quieto? Devia aproveitar que Klaus ainda não voltou, ele não poderá vê-lo nesse estado, concerteza não vai gostar__ ela resmungou__ já tomou a mistura para dor?
__Já, mas o ombro não está incomodando tanto assim.
__Quer que chame Mrs. Galvin? Talvez ele tenha algo para fazê-lo sentir-se melhor.
__Não precisa, eu estou perfeitamente bem__ ele garantiu se remexendo e fazendo careta__ vai passar logo.
__Está suando__ ela se levantou e foi buscar uma bacia com água fria e um pano__ está com calor?
__Na verdade estou com frio.
__É por causa da febre__ ela disse__ está assim há quanto tempo?
__Não muito, deite-me para descansar e comecei a me sentir mal__ ele respondeu enquanto ela passava o pano molhado por seu rosto e pelo peito para limpar o suor__ ia me levantar para buscar mais lençóis, mas fique tonto e resolvi ficar deitado.
__É isso que dá ser teimoso__ ela o repreendeu__ assim nunca vai ficar bom.
Ele a fitou enquanto passava o pano por seu corpo totalmente concentrada, Os olhos castanhos atentos, os cabelos negros caindo sobre os olhos e a pele clara cintilando a luz das velas. Agarrou seu pulso, parando sua mão.
__O que foi?__ ela perguntou confusa.
__Não preciso de médico e nem de babá, vou ficar bem__ empurrou a mão dela para longe__ pode parar com isso.
__Porque é tão teimoso?__ ela o olhou de cara feia__ porque se recusa a receber ajuda? Isso é só comigo ou é assim com todo mundo? Porque se não quiser receber ajuda da prisioneira idiota que você precisa proteger para que não matem sua família, pode falar, eu chamo Paola.
__Se eu dissesse que era esse o problema ainda assim me ajudaria?
__Você não é obrigado a gostar de mim, mas não é por isso que vou deixá-lo passar a noite agonizando, não sou esse tipo de pessoa. E não faço por você exclusivamente, mas pela sua família que é inocente e precisa de você.
__Não tenho nada contra você__ ele sussurrou simplesmente.
__Então é apenas um idiota__ ela revirou os olhos__ devia ser mais educado de vez em quando, igual ao Alex. Ele também é um cavaleiro, não tão bom quanto você, mas é... E ele sabe ser educado, se fosse ele em seu lugar estaria sorrindo e agradecendo a ajuda.
__Mas eu não sou ele__ rebateu irritado__ esse seu príncipe estúpido.
__Ele não é estúpido__ ela se levantou mal humorada, largou a bacia com água em cima de uma mesinha e se afastou da cama, fechando as cortinas do dossel, o escondendo de sua visão__ Alex é um homem incrível, é bonito, inteligente, educado, corajoso.
__Ele não é corajoso, quando soube quem eu era saiu correndo feito uma criança assustada.
__Ele estava fazendo o que era melhor para mim__ ela rebateu enquanto tirava o vestido, para poder colocar a camisola de dormir, tinha feito uma cama improvisada em um canto da casa, onde dormia todas as noites.
__Porque deixar você ser trazida até Klaus e usada por ele era o melhor para você. Claro__ ele revirou os olhos, mas depois ficou olhando para além das cortinas, a sombra da princesa enquanto deixava o vestido cair a seus pés e ficava nua__ se fosse comigo, teria matado todos aqueles soldados e a levado embora.
__Como fez com sua família?__ ela disse zangada, mas logo se arrependeu.
__É diferente__ ele sussurrou__ você sabe disso.
__Eu sei, desculpe__ ela terminou de pôr a camisola e voltou até ele, passando pelas cortinas e parando ao seu lado__ o remédio que Mrs. Galvin deixou para dor, se precisar de mais, e a pasta para o ferimento. Eu passaria, mas como você é capaz de se cuidar sozinho, então se vire.
Ela esperou que ele desse uma resposta mal criada, mas não o fez, apenas ficou quieto a olhando. Então ela colocou os dois remédios sobre a mesinha ao lado da cama, caso ele precisasse durante a noite. Não queria se preocupar com isso, mas era inevitável. Quando se virou para ir embora ele lhe agarrou o pulso, a impedindo de sair.
__O que foi?__ ela o encarou confusa__ está com dor?
Ele não respondeu, só assentiu lentamente com a cabeça, ainda a fitando profundamente. Demetria sentiu-se desconcertada com o brilho intenso daqueles olhos azuis. Algo no modo como a encarava fez seu estomago revirar em ansiedade.
__Se deixar de ser orgulhoso posso ajudar.
Ele mais uma vez nada disse, apenas a puxou pelo braço com força, de forma que caiu sentada na cama em seu colo. Antes que a princesa pudesse perguntar o que ele estava fazendo, seus lábios estavam nos dela, calando qualquer pergunta ou protesto. Foi como da primeira vez, ele a beijou com desejo, de uma forma intima, como se ele a conhecesse melhor que qualquer outra pessoa e naquele momento quase pareceu verdade. Seus dedos se perderam no cabelo dela, a puxando para mais perto e Demetria perdeu completamente o fôlego enquanto a língua dele explorava sua boca, lhe roubando todos os sentidos.
__Prometeu que nunca mais faria isso__ ela sussurrou, respirando com dificuldade quando ele a soltou.
__Eu menti__ ele murmurou baixinho, a olhando nos olhos__ sou bom nisso.
Observou o rosto dela por um longo minuto como se tentasse adivinhar seus pensamentos e nenhum dos dois se moveu, apenas respirando fundo, o coração disparado, até que ele se aproximou e a beijou outra vez.
Dessa vez não teve pressa, a beijou com calma, saboreando seu gosto, a maciez dos lábios e o calor de sua pele. E dessa vez, ao invés de resistir, a princesa o beijou de volta, se entregando a sensação, e aquele estranho desejo que a acompanhava há um tempo, mas que insistia em negar. As línguas se envolveram numa dança lenta e erótica, e ela gemeu contra os lábios dele, tomada por um fome que nunca conhecera até então.
__Pensei que estava com dor__ ela sussurrou.
__E estou__ ele concordou__ mas já sei como pode me ajudar.
Joseph a puxou para mais perto, até que estivesse sentada em seu colo, de frente para ele, com as pernas em volta de sua cintura. A princesa lembrou-se de repente que ele estava completamente sem roupa e sentiu-se enrubescer, mas não teve tempo de pensar em mais nada, os lábios dele já estavam de volta nos seus, levando embora qualquer pensamento coerente. Ela bem que tentou, mas não conseguiu se lembrar do que porque aquilo estava errado. As mãos ágeis dele subiram acariciando seu corpo, até encontrar o laço que prendia a camisola e o desfez. Demetria se arrepiou ao sentir as mãos dele em sua cintura, e sua pele em contato com a dele, ele estava pegando fogo e apesar da febre, o calor do corpo dela levou embora todo o frio.
Lentamente, Joseph desceu os beijos em direção ao pescoço dela, com uma das mãos apertou a cintura fina e com a outra tomou um dos seios, acariciando com cuidado, ouvindo-a suspirar em seu ouvido, aquele som o enlouquecia. Demetria nunca sentira nada igual, quando Klaus a tocava, ou aqueles homens que quiseram lhe estuprar, ela só sentia repulsa e dor, uma agonia sem fim, mas enquanto Joseph a tocava, todo seu corpo pulsava e só conseguia pensar que não queria que ele parasse nunca. Seus dedos adentraram os cabelos dele, molhados pelo suor, e o puxaram para mais perto, apreciando o contato da língua dele em sua pele.
__Diga-me__ ele parou um instante com os beijos para sussurrar em seu ouvido__ seu precioso príncipe encantado alguma vez já a fez sentir-se assim?
Ela não conseguiu responder, só enterrou as unhas na pele dele. Joseph a segurou com firmeza, e ignorando completamente a dor que sentia, mudou de posição, a deitando na cama e deitando-se sobre ela. A coberta que o escondia caiu e Demetria gemeu ao sentir o corpo dele em contato com o seu, prendendo as pernas em volta de sua cintura num ato involuntário. Ele a beijou mais uma vez, enquanto suas mãos habilidosas lhe exploravam o corpo, despertando-a por completo.
Foi descendo os beijos por seu pescoço até alcançar os seios, lambendo, chupando com vontade, adorando o gosto da pele dela, e gemendo enquanto a sentia rebolar contra seu quadril, o deixando cada vez mais excitado, não se lembrava de já ter desejado uma mulher tanto quanto desejava aquela princesa. Demetria não havia se esquecido das coisas que Vitória lhe ensinara e aquela foi a primeira vez que teve vontade de usá-las e pode sentir que funcionava. Não ficou parada enquanto ele a agradava, deixando o instinto falar mais alto e largando de lado a vergonha deixou que suas mãos vagassem também pelo corpo dele, sentindo cada pedacinho dos músculos fortes, a barriga sarada.
Joseph se ajoelhou a sua frente, os olhos azuis cintilando de desejo enquanto a observava, nunca admitira antes, mas agora via que era verdade, não havia em todo país mulher mais bonita que a princesa de Severac. Desde os olhos gentis, aos cabelos sedosos, e aquele corpo perfeito que agora estava ali a sua frente, totalmente entregue. Tirou ainda mais prazer daquele momento lembrando-se da regra do Rei de que nenhum homem poderia tocá-la além dele, agora entendia o sentido daquilo, o proibido era mais excitante, mas não quis pensar no que aconteceria se Klaus descobrisse, não queria se arrepender do que estava fazendo.
Ainda Ajoelhado, segurou-a pelos quadris, levantando uma parte de seu corpo da cama e a puxou para si, penetrando-a lentamente, saboreando a expressão de prazer no rosto dela enquanto a invadia. A princesa envolveu novamente as pernas em sua cintura e ele começou a investir para dentro dela, primeiro lentamente, só para provocá-la, e depois mais rápido, ouvindo seus gemidos ficarem mais altos a cada movimento. Ela manteve os olhos nos dele no começo, mordendo o lábios com força e enterrando as unhas nos braços dele, mas depois, quando o prazer tomou conta e não conseguia mais raciocinar, jogou a cabeça para trás, apertando os lençóis e gemendo mais alto, sem se importar se alguém ouviria ou não.
Joseph se inclinou sobre ela, sem parar de investir, e beijou-a avidamente, com desejo e luxúria, depois escondeu o rosto na curva de seu pescoço, e ela o abraçou com força, enterrando as unhas nos ombros dele, o que causou uma pontada de dor por conta do machucado, mas não se importou com nada daquilo.
Sentiu que ela se contorcia cada vez mais sob seu corpo, chegando perto do clímax e foi mais rápido, até que finalmente alcançaram o prazer máximo juntos. Deixou o peso do corpo cair sobre o dela, tomado por uma fraqueza boa, e ficaram ali em silencio, abraçados, recuperando o fôlego e os sentidos.
Quando já podia respirar normalmente, a beijou outra vez, de alguma forma ainda não satisfeito, querendo senti-la um pouco mais. Demetria correspondeu de bom grado, sentindo-se bem de uma forma que nunca provara antes.
__Sente-se melhor agora?__ ela perguntou baixinho.
__Muito melhor__ ele concordou sorrindo, o frio tinha sumido e a dor era uma lembrança distante, quase nem conseguia senti-la com tantas outras sensações lhe tomando__ estamos quites agora.
__Porque fez isso?__ Demetria questionou o olhando com atenção.
__O que?__ ele a encarou confuso.
__Fazer amor comigo__ ela explicou__ por quê?
__Como assim por quê?
__Só quero saber__ ela sussurrou mordendo o lábio__ foi porque queria irritar o Klaus? Para provar alguma coisa, igual da primeira vez em que me beijou? Ou... __ ela exitou__ já tinha deixado claro que só me protegia porque era seu trabalho. Só quero saber se sirvo de objeto para você igual sirvo para Klaus. Os homens parecem gostar de se divertir as minhas custas.
__Não estou me divertindo as suas custas, não que isso não tenho sido divertido__ ele provocou__ acha que eu arriscaria irritar Klaus e ele machucar minha família só pra provar alguma coisa? Eu estava com raiva daquela vez, foi diferente. Mas não sou o tipo de pessoa que arrisca tudo que tem sem realmente se importar, você sabe disso princesa.
__E o que isso quer dizer?
__Que por mais que seja estúpido me importo com você__ ele respondeu__ não é só pena pelas coisas que sofreu, eu te respeito e acho que ganhou minha afeição por ter tanta coragem. Mesmo com medo de mim sempre teve a coragem de me enfrentar, não são muitos que conseguem fazer isso.
__Eu não tinha muita coisa a perder__ deu de ombros.
__Fiz amor com você porque a desejava__ murmurou a olhando nos olhos__ não sei mais o que dizer.
__Não precisa dizer mais nada.
E então o puxou gentilmente pela nuca para mais um beijo.
Fim do Capítulo

A Ira do Rei.

Reino de Murdor

Joseph acordou sobressaltado com o som das batidas insistentes da porta. Percebeu que não estava sozinho e sorriu por um momento vendo Demetria deitada com a cabeça em seu peito, adormecida, mas logo o sorriso se desfez quando a batida ficou mais forte, e alguém gritou chamando seu nome. Demetria se remexeu inquieta e acordou, parecendo confusa.
__Comandante__ o homem chamava lá fora__ abra a porta, por favor.
__O que aconteceu?__ Demetria perguntou baixinho.
__Tem um idiota lá fora me chamando__ ele resmungou mal humorado, a afastando gentilmente e levantando da cama.
__O que você quer?__ ele perguntou enquanto pegava a calça pendurada na cama e começava a vesti-la, ignorando a pontada de dor no ombro, estava cada vez mais fraca.
__Tenho noticias do Rei Klaus, comandante__ o homem disse__ preciso falar com o senhor imediatamente.
Demetria e Joseph se entreolharam, de repente nervosos com a menção ao nome do Rei.

__Fique aqui, ele não pode te ver__ Joseph murmurou fechando as cortinas em volta da cama e indo até a porta.
Demetria permaneceu deitada na cama e se cobriu com o lençol, ficando bem quietinha. Joseph cobriu o ombro machucado com o manto e abriu a porta. O homem que o chamava era Kyle, um dos homens de confiança do Rei Klaus, costumava tomar conta de tudo quando o Rei se ausentava. Assuntos políticos que não interessavam em nada a Joseph.
__O que aconteceu? Porque tanto desespero?__ Joseph perguntou mal humorado.
__O Rei está de volta a Murdor e exige sua presença na sala do Trono imediatamente.
__Ele voltou? Conseguiu descobrir alguma coisa?
__Não sei dizer senhor, ele quer vê-lo agora mesmo e não está nada contente.
Joseph não gostou do que ouviu, Klaus irritado era sinal de problemas pela frente. Será que ele estava zangado com algo que aconteceu na cidade ou teria ele descoberto que Joseph quebrou sua bendita regra? Não... Não havia como ele saber.
__Vou me vestir e já seguirei para lá.
__Sim senhor__ o homem fez uma reverência e saiu. Joseph fechou a porta.
__O que aconteceu?__ Demetria perguntou sentando-se na cama e puxando o lençol para cobrir o corpo.
__Klaus está de volta__ Joseph sussurrou e não precisou dizer mais nada.
Demetria vestiu a camisola, e observou inquieta enquanto Joseph brigava com a camiseta, ainda com problemas nos movimentos por conta do ombro. Já estava bem melhor, mas ainda incomodava e atrapalhava e Joseph não era um homem de muita paciência, ainda mais quando estava nervoso como naquele momento.
__O que acha que ele quer?__ ela perguntou.
__Não faço ideia__ suspirou pegando a espada__ só... Fique aqui até eu voltar e não deixe que ninguém te veja ou teremos sérios problemas.
Ela assentiu lentamente, se encolhendo na cama e abraçando a si mesma. Tinha estado tão feliz na noite anterior, nos braços de Joseph, fazendo amor durante toda a noite, sem medo, dor ou preocupações. Mas agora o sol nascera, um novo dia surgira e o mundo voltara a girar, prestes a desabar sobre eles, ela podia sentir.
Joseph a encarou por um tempo, o coração se apertou, era exatamente o que ele quis evitar, agora tinha mais alguém com quem se preocupar, mas alguém cuja vida lhe era extremamente importante e que não suportaria perder. E no caso da princesa era ainda mais difícil... Espantou rapidamente os pensamentos.
__Eu volto logo minha princesa__ ele sorriu para aliviar o clima, e quando ela sorriu timidamente de volta, se virou e saiu.
__Até logo meu cavaleiro__ ela sussurrou deitando-se novamente na cama e agarrando um travesseiro.
Joseph atravessou a cidade em direção ao Palácio o mais rápido que pode, sem querer deixar o Rei esperando por muito tempo. Se sentia tão diferente e ansioso aquela manhã que teve de se segurar para não sair correndo. Não diria que estava com medo, mas estava certamente preocupado com o rumo que as coisas estavam tomando, passou muito tempo acomodado, adiando o momento de realmente enfrentar Klaus, mas estava chegando o dia em que não teria mais saída, ele precisava correr e encontrar sua família o mais rápido possível, antes que tudo saísse do controle.
Quando Joseph finalmente chegou à sala do Trono, os guardas na porta estavam nervosos, antes mesmo de entrar ouviu os estrondos e gritos vindos de lá de dentro. O Rei realmente não estava de bom humor, o que nunca foi realmente um problema para Joseph, ele só descontava sua raiva nele quando era realmente sua culpa e isso quase nunca acontecia, mas agora Klaus tinha um novo brinquedo em quem descontar sua fúria e o pensamento lhe causou náuseas.
__Alteza__ Joseph fez uma reverência parando em frente ao Trono.
Klaus parou de gritar com o pobre do guarda que estava de olhos arregalados e se virou para Joseph.
__Mandou me chamar?__ ele perguntou quando o Rei nada disse.
__Sim, eu mandei lhe chamar Joseph__ ele concordou.
__Novidades sobre o Rei Robert? Conseguiu descobrir alguma coisa?
__Ah descobri__ ele deu uma risada perturbadora, sem nenhum sinal de humor__ descobri que estavam me fazendo de palhaço e eu não gosto nada que me façam de palhaço. Eu odeio traições, você sabe disso.
Por um momento Joseph pensou que Klaus tinha descoberto o que acontecera entre ele e a princesa, que todo seu esforço iria por água abaixo, mas descartou rapidamente a ideia, ele não sabia, não tinha como saber. O que o estava irritando era outra coisa.
__O que aconteceu Alteza?
__Era verdade o que aquele soldado suicida falou... Robert tem mesmo um exercito, ele formou um exercito bem debaixo do meu nariz e eu não percebi, ele me enganou todo esse maldito tempo__ gritou__ sabe aquele infeliz do Greyjoy? Que se sentou a minha mesa e partilhou da minha comida e de minhas mulheres? Aquele que declarou lealdade a mim e jurou que me ajudaria a matar Robert? Você se lembra dele?
__Sim Alteza__ Joseph concordou. Lembrava-se vagamente do homem no Palácio no dia que impedira a fuga de Demetria e entregara Charlie ao Rei. Era um velho mal encarado em quem Joseph nunca confiara, pois antes fora aliado do Rei Robert e não acreditava que ele tinha mudado de lado assim facilmente, nem mesmo por ouro. Aparentemente ele tinha razão.
__O homem estava aqui como espião daquele infeliz, daquela barata nojenta do Robert Lovato, ele estava aqui para saber os meus planos, os meus passos e me delatar ao inimigo__ murmurou vermelho de raiva__ agora que ele sabe tudo que planejo e que Robert já sabe tudo que queria, está juntando seu maldito exercito de SEIS MIL HOMENS e os juntando ao que sobrou do exercito de Severac. Sabe o que isso significa?
__Ainda temos um numero maior de homens e somos mais fortes senhor, não acho que...
__NÃO ME INTERESSA O QUE VOCÊ ACHA JOSEPH, AQUELE INFELIZ DEVIA ESTAR MORTO__ o interrompeu, Joseph apenas conteve a língua e o tédio com os chiliques do Rei e esperou que ele terminasse.
Klaus gritou xingamentos por mais um bom tempo, andando de um lado para o outro com pisadas fortes que poderiam afundar o chão. Todos estavam com medo da Ira do Rei, estava claro em seus olhos, mas Joseph já vira aquilo vezes demais para se intimidar, não era mais um menininho de dez anos e não se lembrava da ultima vez que sentira medo daquele homem. Mas quando Klaus parou de andar e olhou para Joseph com um sorriso perturbador, por um momento Joseph temeu... E tinha todos os motivos para aquela sensação, ele soube logo depois.
__Joseph, traga a princesa Demetria até aqui agora mesmo__ ele ordenou com a voz calma demais para uma expressão tão intensa.
__Alteza?__ Joseph o encarou por um momento, tentando adivinhar o que estava pensando.
__Não posso machucar o infeliz do Robert, porque não sei onde está, mas posso mandar uma mensagem para que os seus amiguinhos repassem a ele__ Klaus disse__ Você que tem experiência meu amigo comandante, o que acha que vai causar mais impacto? Se eu mandar um dedinho da princesa para ele, uma mão inteira, ou então a cabeça?
Joseph sentiu o estomago revirar, mas manteve a postura.
__Alteza, não acho que machucar a princesa vá melhorar a nossa situação...
__Não me interessa o que você acha__ rebateu__ não quero melhorar nada, quero causar dor aquele infeliz. Agora escolha comandante, o que eu devo arrancar da princesa? Talvez a língua... Não tem sido de muita utilidade mesmo... VAMOS DIGA.
__Alteza...
__ESCOLHA.
Joseph respirou fundo uma vez.
__O dedo__ ele murmurou encarando o chão.
__Ótimo, agora vá buscá-la e traga ela até mim e não demore.
Ele pensou em discutir, mas viu o olhar no rosto do Rei e sabia que se abrisse a boca estaria causando dor a sua família, então com o coração disparado no peito saiu da sala do Trono. Talvez até que ele chegasse com Demetria o Rei tivesse se acalmado e mudado de ideia, talvez... Talvez... Ele não conseguia pensar num talvez e o desespero começou a tomar conta e refletir em sua velocidade.
Estava acontecendo aquilo que tinha temido... O Rei mandaria que ele a machucasse e ele teria que fazer. Mas agora já não sabia se conseguiria. Se mandassem matar qualquer outra pessoa, ele faria sem pensar duas vezes, mas não podia machucá-la, não depois da noite passada, era crueldade demais.
__Joseph__ estava tão distraído que não viu Paola a sua frente e só parou quando esbarrou nela__ Joseph, que cara é essa?
__Klaus__ ele murmurou agoniado__ voltou à cidade e está completamente irado Paola, ele quer descontar a raiva em Demetria, vai me pedir para machucá-la e eu não vou conseguir fazer isso.
__Joseph...
__Eu disse a você que ia ser assim, eu disse que não devia me apegar, mas fiz mesmo assim... ESTÚPIDO__ passou as mãos nervosamente pelos cabelos, bateria a cabeça com força na parede se tivesse tempo pra isso.
__Se acalme, ficar nervoso não vai ajudar em nada__ ela disse__ vá buscar Demetria e a leve até Klaus como ele quer, talvez ele mude de ideia, você sabe como ele é instável, qualquer bom argumento e ele muda de ideia, sei que você vai dar um jeito.
__Não tenho tempo para um talvez Paola.
Não esperou que ela dissesse mais nada, pois não ajudaria. Foi até em casa o mais rápido que pode e encontrou a princesa já vestida, em um lindo vestido azul que lembrava muito a cor dos seus olhos, os cabelos estavam presos em uma trança e estava sentada sobre a cama, batendo os dedos no colchão nervosamente.
__Hey, você voltou__ ela sorriu ao vê-lo e o gesto fez Joseph sentir como se alguém estivesse cutucando seu coração com uma faca só para se divertir. Lembrava-se do que sentira quando recebera o dedo de Macayla dentro de uma caixinha, a ira fora tão grande que ele quase fizera uma besteira, mas Paola o impedira como sempre de por tudo a perder e tudo que pode fazer foi vomitar como uma criança imaginando sua irmã chorando de desespero enquanto perdia o dedo... Foi como se nunca tivesse visto sangue na sua frente.
Agora o Rei ia querer que ele passasse por aquilo de novo, ia querer que ele assistisse, ou pior... Que ele mesmo o fizesse.
__Está tudo bem?__ Demetria se levantou e caminhou até ele__ o que Klaus queria?
__Precisa vir comigo__ ele encontrou a voz para falar__ O Rei quer vê-la.
__A essa hora?__ ela franziu o cenho confusa__ ele só me chama para seus aposentos à noite.
__Não é por isso que quer vê-la.
Demetria o fitou com atenção, e não gostou do que viu nos olhos dele.
__O que está acontecendo Joseph?
__Venha comigo por favor__ ele pegou na mão dela__ vai ficar tudo bem.
__Joseph...
__Só... Vem comigo por favor__ ele insistiu e largou a mão dela para segurar o braço, como devia fazer com um prisioneira. Não a machucou como de costume enquanto a arrastava consigo, o aperto era incrivelmente gentil e não combinava com a situação, com a expressão vazia em seu rosto, que ele assumiu assim que saíram da casa. Demetria sentiu-se tonta sabendo que nada de bom a esperava na presença de Klaus.

No Último Minuto

Quando atravessaram a enorme porta e Joseph a guiou em silencio até Klaus, Demetria sentiu os olhos arderem. Viu o Rei em seu Trono, com uma expressão perturbadora no rosto, um olhar louco que fez seu coração bater depressa demais. Viu dois guardas parados atrás dele, todos claramente nervosos e viu a Montanha, o carrasco com sua enorme espada na bainha e clara satisfação no olhar... Ela olhou para Joseph, e ele parecia tão frio, como quando a arrastara por aquele mesmo caminho a primeira vez e teve vontade de chorar antes de saber ao certo o que ia acontecer. Sentira-se tão bem na ultima noite, tão completa, e inteira novamente e agora... Agora sentia-se incrivelmente vazia e sozinha.
__A princesa de Severac Alteza__ Joseph anunciou__ como o senhor ordenou.
__Hum__ ele sorriu com satisfação__ ela está tão bonita.
__O que devo fazer?__ Joseph perguntou e Demetria sentiu o aperto em seu braço ficar mais forte.
__Você não vai fazer nada, está irritante demais para o meu gosto hoje__ anunciou sorrindo__ A Montanha se encarregará de todo trabalho, só... Fique aqui comigo e aprecie o show__ deu de ombros__ Montanha... Arranque a mão direita da princesa.
__O que?__ Demetria arregalou os olhos e fitou Joseph, ele não devolveu o olhar, estava encarando Klaus__ Não, por favor, não pode... Não... Eu não fiz nada, eu não...
__Sei que não fez nada, foi o seu pai quem fez__ Klaus disse__ agora cale a boca.
__Alteza...
__Agora não Joseph, seja o que for pode ficar para depois, agora venha até aqui e assista__ sorriu de lado__ a não ser que queira que eu arranque mais um dedinho da sua irmã, ela não precisa deles mesmo.
Quando dois guardas vieram segura-la, abaixá-la no chão e esticar sua mão sobre um apoio e Joseph ficou lá parado, sem reagir, ela soube que ele não faria nada para defendê-la. Não porque não se importava, mas porque se o fizesse estaria condenando sua família, e não só a perder um dedo como Klaus sugerira, mas a morte. E ela não conseguiu culpá-lo.
Quando ele se posicionou ao lado do Trono, tinha aquele ar frio do cavaleiro das sombras, de quem não se importava com absolutamente nada, de quem não tinha medo de nada, qualquer um que olhasse não saberia o que ele estava realmente sentindo, mas ela sabia. Quando ergueu o rosto para olhá-lo nos olhos, ela viu no meio daquela imensidão azul uma dor tão grande, uma dor que nenhuma faca causaria, uma dor maior do que a que ele sentira ao levar aquela facada no ombro. Porque mesmo sendo um ótimo soldado, mesmo sendo praticamente invencível, naquele momento era um completo inútil.
Demetria tentou sentir raiva, tentou chorar, mas estava certa... Suas lágrimas tinham secado, nem mesmo conseguiu gritar, ou talvez apenas não quisesse dar esse gostinho a Klaus. Viu Montanha erguer sua espada no ar, mas desviou os olhos e os fixou no rosto de Joseph, preferia olhar para a beleza dele naquele momento e lembrar como a fizera sentir-se bem. Tudo pareceu ficar em câmera lenta de repente... Os olhos de Joseph se arregalaram muito, e ela viu quando ele deu um passo à frente, lutando consigo mesmo sem saber o que fazer.
Foi quando a porta se abriu e alguém entrou correndo.
__ALTEZA, ALTEZA__ um homem gritava.
Montanha perdeu a concentração, assim como os soldados que a seguravam. A Princesa puxou o braço para trás e a espada bateu no apoio de ferro, fazendo o som ecoar por todo o salão e sobressaltar a todos. Por um momento ninguém respirou.
__Mas que diabos__ Klaus resmungou__ não vê que estava no meio de algo importante?
__Sinto muito Alteza, tenho noticias urgentes de Severac que concerteza o interessarão.
Klaus o olhou com curiosidade, pegou a carta da mão do homem e fez um gesto para que Montanha esperasse, pois ele já começava a puxar novamente a mão de Demetria para poder arrancá-la. O alivio de Joseph naquele momento era quase palpável, mas ninguém além de Demetria estava prestando atenção nele para poder notar.
Todos fizeram silencio enquanto Klaus quebrava o selo e lia a carta.
__Isso que diz aqui é verdade?__ Klaus perguntou fitando o guarda com atenção.
__Sim senhor, tenho certeza__ ele afirmou__ desconfiávamos há um tempo, mas não queríamos incomodá-lo com o assunto até ter certeza. O conteúdo da carta é cem por cento verdadeiro.
O sorriso de Klaus mudou, daquele sorriso louco para um sorriso de felicidade e satisfação.
__Montanha, não precisarei mais de seus serviços, vocês podem soltar a princesa__ Demetria e Joseph foram tomados por um enorme alivio, mas apenas ela deixara transparecer__ Hoje é seu dia de sorte querida.
Ela acariciou os pulsos o olhando com raiva enquanto se levantava do chão.
__Joseph, tenho tarefas para você__ Klaus disse e Joseph foi se colocar a frente dele__ leve a princesa de volta ao La Luna, e certifique-se de que alguém a traga aos meus aposentos ao cair da noite, vou usá-la de outra forma, você tem razão, cortá-la em pedacinhos de nada me servirá.
__Sim alteza.
__Junte um grupo com seus cinquenta melhores homens e venha ao meu encontro... Tenho uma missão especial para vocês.
__Como quiser Alteza.
Joseph fez uma reverencia, agarrou Demetria pelo braço e a puxou o mais rápido que pode sem parar apressado para fora do salão. Não disseram absolutamente nada durante todo o caminho, até que ele entrou com ela no La Luna e a levou até seu quarto.
__Você está bem?__ ele a soltou e a fitou com preocupação.
__Estou bem__ ela concordou__ não me machuquei afinal... Ainda tenho minha mão.
__Eu... Sinto muito por aquilo... Não...
__Está tudo bem comandante__ ela sorriu amavelmente para ele, mas aquilo não o fez sentir-se melhor, ele não mereceria aquele sorriso ou a compreensão dela__ não tem que se desculpar ou sentir nada, eu estou bem, nenhum dano feito.
Ele desviou os olhos do rosto dela e começou a sentir o ombro doer novamente, segurou-o com a mão boa e apertou levemente causando em si mesmo uma dor que nenhum homem são suportaria, mas não emitiu nenhum som, nem demonstrou qualquer expressão de dor. Tinha planejado passar aquele dia deitado na cama ao lado de Demetria, se recuperando da facada que quase já não incomodava mais e tomando-a para si sempre que o desejo se fizesse presente, de um forma que nunca havia feito com nenhuma outra mulher... Mas Deus, ou melhor... Klaus... Havia lhe reservado outra coisa.
__Não estou zangada__ ela disse quando ele ficou em silencio__ eu entendo você.
__Eu ia deixar que ele arrancasse sua mão fora... Como entende isso?
__Não me deve nada comandante, só porque passamos a noite juntos não significa que precisa me proteger de qualquer coisa que seja.
Agora ele estava com raiva, e bateu o pé no chão com impaciência.
__Não escutou nada do que eu lhe disse ontem à noite?__ resmungou zangado__ como pode dizer isso?
__Você me deseja, eu já entendi isso... Mas não sou mais importante que sua família__ ela deu de ombros__ e tudo bem, não estou com raiva, ou acho isso ruim, é como as coisas são. Você passou por muita coisa para defendê-las Joseph, não é só porque gosta um pouco de mim que deve deixar tudo pelo que lutou para trás. Você tem suas batalhas a travar, das minhas cuido eu. Nunca pedi que arriscasse nada por minha causa, não quero isso... Não quero ser a responsável por desviá-lo de seu objetivo.
 “Só porque gosta um pouco de mim”, a voz dela ecoou em sua cabeça. Era isso? Ele gostava só um pouco dela? “Você me deseja”, era verdade... Mas era só isso? Não se lembrava da ultima vez que sentira tamanho desespero por culpa de alguém, não se sentia tal coisa só por gostar um pouco de alguém. Aquilo estava errado.
__O que está querendo dizer?
__Que você tem que ir, antes que Klaus se irrite com você.
Mas ele não queria ir.
__Lembra-se do que me disse uma vez quando me trazia para cá?__ ela perguntou__ isso é uma guerra... É como as coisas são.
Fizera sentido antes, agora soava terrivelmente estúpido. Aquela era a pior guerra de todas.
__Eu disse a você, sou uma pessoa diferente da que trouxeram para essa cidade, a menina estúpida e indefesa morreu, eu vejo tudo diferente agora e decidi que não quero mais ninguém morrendo por mim, ninguém mesmo__ ela sorriu docemente, se pôs na ponta do pé e lhe deu um rápido beijo__ vá embora, o Rei está a sua espera.
Como não sabia o que dizer, ele apenas se virou e foi embora. Ouviu uma das meninas lhe cumprimentar enquanto descia as escadas... Cavaleiro das sombras, ela o chamara. Ele não se sentia mais assim, não sentia-se mais o cavaleiro das sombras. Assim como a princesa mudara, ele também era um homem diferente agora.
O cavaleiro das sombras não tinha sentimentos, não se importava com nada e nem ninguém. O cavaleiro das sombras não tinha amigos, gostava mais da noite do que do dia. O cavaleiro das sombras era o soldado perfeito que atendia ordens sem questionar e mesmo assim causava medo naqueles que lhe comandavam. Ele era apenas o Joseph agora, que ainda assustava todos em volta, que ainda era capaz de matar sem pensar duas vezes, mas que agora preferia a luz do sol e tinha mais sentimentos do que era seguro para um homem em sua posição.
Ele finalmente se sentia em guerra, e estava chegando o momento de por um fim em tudo aquilo.
Fim do Capítulo 

Capitulo 16 (Maratona)


Todo Mundo Precisa de um Amigo.

Reino de Murdor

No dia seguinte, Joseph já se sentia bem o bastante para se levantar da cama, era um homem forte e não costumava reclamar da vida deitado em uma cama. Tinha que aparecer para os outros soldados antes que começassem a questionar seu sumiço e aquilo gerasse mais alguma confusão e a parte mais difícil... Tinha que parecer bem.
__Tem certeza que isso é uma boa ideia?__ Demetria perguntou__ se eles se revoltarem contra você não vai poder lutar desse jeito, está cheio de dores. Mrs. Galvin disse que deveria esperar pelo menos mais dois dias antes de voltar ao trabalho.
__Não posso esperar dois dias, já estou muito tempo longe, eles vão desconfiar e se vierem até mim vai ser pior__ garantiu__ só preciso fingir que estou bem. Eu vou até lá, ponho eles para lutar, observo um tempo e depois volto para casa, é bem simples.
__Se você está dizendo__ ela deu de ombros, ainda não convencida de que aquilo era uma boa ideia. Aparentemente, nem mesmo o cavaleiro das sombras era invencível. Não sabia se o que ele tinha, mas concerteza aquela era sua semana de sorte, pois escapara da morte duas vezes seguidas e continuava orgulhoso como sempre.

Demetria olhou em sua direção. As cortinas em volta da cama estavam fechadas, o escondendo enquanto ele se vestia, mas como o tecido era meio transparente ela ainda podia ver a silhueta de seu corpo forte e sentiu-se desconfortável.
__Tem certeza que não precisa de ajuda?__ ela perguntou de novo. Ele não conseguia mexer o braço muito bem pois ainda sentia muita dor e ela se oferecera para ajudar com a roupa, mas ele recusara prontamente, não gostava de demonstrar fraqueza. De certa forma desejou que ele não aceitasse, pois estava completamente nu e não era algo que ela quisesse ver. Ou pelo menos repetia a si mesma que não, pois o pensamento a punha nervosa.
__Eu estou bem__ ele respondeu, ela viu quando ele terminou de vestir a calça sozinho, mas sabia que não teria o mesmo sucesso com a camisa, não com o ombro daquele jeito, e então esperou pacientemente que ele se rendesse__ Ok, eu preciso de ajuda.
Ela sorriu satisfeita e se levantou, afastou as cortinas e caminhou até ele. Joseph estava meio escorado na cama, parecendo infeliz com a própria condição, não devia ser fácil para um guerreiro como ele não conseguir levantar a sua espada. Mas era uma condição passageira, ele voltaria a ser o mesmo de sempre em poucos dias, só precisa descansar e ser paciente, duas coisas que pareciam impossíveis para ele.
Ele estava meio descabelado, e sem camisa, com os músculos a mostra, o que deixava Demetria levemente desconcertada, o que achava engraçado, pois depois de ser abusada e ter que aturar a visão de ver o Rei de Murdor completamente nu a sua frente, ver um homem sem camisa não deveria incomodá-la.
Mas com Joseph nada nunca fazia sentido e seus sentimentos estavam incluídos. Ela sabia que deveria odiá-lo, pois afinal estava ali por causa dele, mas depois que lhe contara sua história, ela simplesmente não conseguia recriminá-lo por fazer o possível para salvar a família, e mesmo sabendo que corria o risco de ser morta por ele caso o Rei mandasse, ainda gostaria de ser sua amiga e ajudá-lo de alguma forma. Sua vida estava perdida há algum tempo, mas a dele ainda tinha algum valor, ele tinha pessoas que contavam com a ajuda dele e ela... Bem... Tudo que ela fazia com sua vida era gerar uma guerra.
Enquanto o ajudava a vestir a camisa, não podia deixar de notar o quanto ele era bonito. Antes de conhecê-lo achava que não havia ninguém mais lindo no mundo que seu príncipe Alex, com aqueles cabelos e olhos dourados e gentis. Ela se sentia confortável ao lado dele, sorria fácil com sua gentileza e carinho, era alguém com quem podia passar o resto da vida sem arrependimentos. Mas então tinha Joseph, com aqueles olhos azuis intensos, que demonstravam tudo e nada ao mesmo tempo, aquela imensidão que fazia qualquer um se perder. Ele tinha uma beleza diferente, não era delicado como Alex, tinha aqueles cabelos desgrenhados, a pele morena e áspera com diversas cicatrizes de suas batalhas, cicatrizes que claramente lhe davam orgulho. Tinha aquele corpo musculoso de um guerreiro que arrancava suspiro das mulheres, inclusive dela mesma, embora eles viessem acompanhados de arrepios de medo. A presença dele era perigosa e a deixava alerta todo o tempo e não era um homem de gentilezas.
Mas mesmo assim, havia um pouco de príncipe escondido nele, na sua luta para salvar as pessoas que amava e até mesmo na postura, aquele ar de superior, mas não de uma pessoa metida e sim de alguém nobre como ela, que sabia como falar e se portar, isso quando queria era claro. Apesar de saber a história da vida dele, Joseph continuava sendo um grande mistério e por vezes ela se pegava com vontade de desvendá-lo e era um desejo perigoso para se ter.
__Sabe, não é nenhuma vergonha precisar de ajuda__ Demetria comentou__ não se pode fazer tudo sozinho, todo mundo precisa de um amigo de vez em quando, até mesmo você.
__Eu sei disso__ revirou os olhos__ mas precisar de um amigo para vestir as suas roupas é ridículo demais.
__Eu tinha criadas no castelo que ajudavam a me vestir__ ela sorriu enquanto pegava o cinto dele e punha em sua cintura.
__É claro, os ricos parecem incapazes de realizar as mais simples tarefas sem ajuda__ ele debochou.
__Pelo visto a dor não acabou com o seu senso de humor, que bom__ ela deu um falso sorriso__ sinto falta das minhas criadas, elas não eram só servas, eram amigas também. Aprendi muita coisa com elas, com as moças da cozinha e da limpeza. Elas me ensinaram o que minha mãe não pode.
__O que houve com sua mãe?
__Morreu__ respondeu baixinho, sem olhá-lo, concentrada no cinto__ eu era muito pequena, ela pegou uma doença e não resistiu. Meu pai mudou muito depois da morte dela, se fechou e passou a trabalhar a maior parte do tempo, ele não queria só sentar no Trono e esperar como o Klaus, ele ia para a guerra com seus soldados e eu morria de medo de que ele não voltasse. Eu ficava nos muros da cidade durante horas olhando a espera que ele atravessasse o portão em seu cavalo branco e quando ele finalmente chegava, eu corria e me jogava no colo dele toda contente__ suspirou__ ele apenas dizia oi, me dava um beijo e sumia de novo para cuidar de suas obrigações. Charlie passava mais tempo comigo do que o Rei Robert, nem sei por que meu sumiço faz tanta diferença agora, se a cidade não tivesse sido invadida, ele provavelmente nem teria notado que eu desapareci.
__Isso não é verdade.
__Eu sei que ele me ama e fez o melhor que pode__ ela o olhou de lado pegando a espada sobre a cama__ mas não acho que eu valha o esforço. Muito menos a perda de tantas vidas, às vezes eu só queria que você ou Klaus me matassem de uma vez e tudo isso terminaria__ ela pôs a espada na bainha.
__Não está falando sério, você não quer morrer__ ele a fitou com descrença.
__Não é uma questão de querer comandante, se eu pudesse escolher estaria no meu Palácio passeando no jardim de mãos dadas com o homem dos meus sonhos, sonhando com o dia do meu casamento e em como seria minha noite de núpcias. Mas ao invés disso estou trancafiada em uma cidade que detesto, com pessoas que me detestam, servindo de prostituta para um homem nojento e repulsivo. E para que tudo isso? Para que meu pai e o Alex juntem um exercito, matem um monte de pessoas inocentes no processo da guerra e eu possa voltar para casa para viver a minha vidinha medíocre? As coisas nunca mais serão como antes__ ela se afastou minimamente para fitá-lo e ver se faltava alguma coisa__ eu sou uma pessoa diferente daquela princesinha assustada que você seqüestrou semanas atrás. É essa garota que estão vindo resgatar, mas não perceberam ainda que ela já morreu. Foi morrendo aos poucos junto com as lágrimas... Nem chorar mais eu consigo e juro que nos últimos dias tentei. Estou seca por dentro.
__Sinto muito por você.
__Você já tem os seus próprios problemas comandante, do mesmo jeito que não quer a minha pena, também não quero a sua, é a ultima coisa de que preciso agora, isso de nada me ajudará. Demorei a perceber, mas estou sozinha agora.
__Não está sozinha princesa, sei que tem medo do que acontecerá com sua família quando vierem lhe buscar, mas eles lutam por você, porque se importam... Se sente sozinha mas não está.
__Meu pai vem porque ele precisa vir, mas depois do que passei aqui sinto que não o conheço mais, as atitudes dele... E Alex... Ele vem atrás de sua futura esposa, mas não posso mais fazer isso, me casar com ele. Ele é um príncipe e merece uma princesa.
__Você é uma princesa.
__Não sou mais e agradeceria se parasse de me chamar assim e dissesse o meu nome.
__Você não é nada do que eu esperava, prin... Demetria__ ele se corrigiu.
__Não me conhecia o bastante para esperar qualquer coisa de mim, mas sabe agora quem eu sou__ ela disse séria__ se eu pudesse, diria a eles para não virem a meu encontro, diria que me deixassem para trás. Eu quis muito ser salva, agora não acho que valha a pena, mas também sei que nada do que eu diga vai fazer diferença. Klaus vai arrumar outro jeito de matá-los sem me usar como desculpa.
Joseph a fitou em silencio por um momento, percebendo de repente que a princesa era mais corajosa ainda do que ele tinha suposto anteriormente, talvez porque ela não tenha chegado ali com aquela coragem, mas a tinha ganhado ao longo do caminho, exatamente como acontecera com ele. Joseph chegou ali como um menininho de dez anos assustado, mas crescera e se tornara um guerreiro corajoso que ninguém podia derrotar e ela... Ela deixara de ser uma princesinha indefesa e virara uma mulher forte, capaz de aguentar o que a vida lhe mandasse, assim como também fora com Paola. Ela tinha conseguido... Tinha ganho seu respeito e sem fazer nenhum esforço.
__Acho que já está pronto__ ela disse o observando distraidamente__ só precisa dar um jeito nesse cabelo e vai estar apresentável.
Ela se esticou um pouco, na ponta do pé e passou as mãos gentilmente pelos cabelos dele, para tentar arrumar um pouco a bagunça que se encontravam. Joseph fechou os olhos automaticamente, apreciando a caricia que os dedos dela faziam, não costumava ter ninguém para cuidar dele dessa forma, além de Paola que de vez em quando bancava a mãe, e era uma sensação agradável.
Demetria o observou sem parar o que fazia, ali de olhos fechados, com a sugestão de um sorriso nos lábios e seu coração disparou. Parecia tão inocente naquele momento, tão vulnerável. Seus olhos se fixaram nos lábios dele e se lembrou do que acontecera dias atrás, parecia que tinha se passado uma eternidade desde que ele a segurara daquela forma, a imprensara na parede com seu corpo e a beijara apenas para provar que não era um covarde. Quase pode sentir as mãos dele em suas pernas, o calor do corpo dele contra o seu e o sabor dos seus lábios, invadindo-a de forma intima, como se a conhecesse e soubesse exatamente o que fazer para deixá-la sem forças, sem defesas.
Quando voltou a si percebeu que ainda tinha as mãos nos cabelos dele, não mais ajeitando, mas sim acariciando com cuidado e ele a fitava com atenção, com seus grandes olhos azuis sem piscar. Gostaria se saber o que ele estava pensando naquele momento, será que também se lembrava? Mas então recobrou a sanidade e se afastou, tossindo e corando envergonhada, dando vários passos para trás e sem coragem de olhá-lo novamente.
__Já pode ir__ ela murmurou apressada__ contando que não mexa o braço acho que eles não vão perceber nada.
__Obrigada__ ele disse.
Ela assentiu desajeitadamente e sem mais nenhuma palavra ele saiu pela porta. Demetria se deixou cair na cama e pôs a mão no coração, sentindo-o descontrolado dentro peito, respirou fundo várias vezes e se perguntou se não estaria enlouquecendo. Não seria grande surpresa, tudo estava completamente fora do lugar.

Interpretando um Papel

Joseph encontrou boa parte de seus homens perto da pequena arena de treino, mas ninguém estava trabalhando, estavam apenas conversando, rindo e passando o tempo. Joseph tinha posto o seu capuz, o que o ajudava a esconder o rosto e possivelmente algum esboço de dor, se ele não tentasse levantar o braço ficaria tudo bem, mas era bom não arriscar.
__Que bom que estão se divertindo__ murmurou com aquela sua voz grossa que causava arrepios na espinha.
__Comandante__ os homens se levantaram imediatamente, alguns com medo, outros com ar de desafio.
__Porque não estão trabalhando?__ ele perguntou__ só porque eu não estava presente, não significa que vocês estão de folga, ou por acaso acham que o Reino se defenderá sozinho?
__Se você não veio trabalhar, então porque nós deveríamos?__ um deles questionou.
__Eu não estava por ai curtindo a vida, estava cuidando de assuntos do Rei Klaus e se não lhes contei é porque não lhes dizia respeito__ mentiu facilmente__ vocês acharam mesmo que poderiam me pegar com aquela emboscada fajuta? Pensam que sou idiota? Matei aqueles homens com facilidade e mato todos vocês se continuarem a me atrapalhar. E mais um aviso, se algum de vocês se quer pensar em tocar na princesa de Severac outra vez, vão se arrepender profundamente.
__Porque não podemos nos divertir um pouco com ela? O Rei não precisa saber.
__Ela não é um brinquedo seu bando de inúteis, é a nossa moeda de troca, é aquilo que vai nos trazer a vitória contra Severac__ ele disse irritado__ mas não poderemos usá-la se acabarem matando ela. Se querem se divertir, bordéis é o que não faltam nessa maldita cidade, agora ponham um pouco de juízo nessas suas cabeças ocas e voltem ao trabalho antes de eu corte vocês em pedacinhos.
Ninguém se moveu, eles se entreolharam nervosos, sem saber ao certo o que fazer. Joseph bufou, e como não podia usar a espada por causa do ombro que doía, pegou com a mão boa uma faca no cinto e a segurou com firmeza.
__Se algum de vocês ainda tem algo para resolver comigo, alguma reclamação ou desafio, falem agora. Podem vir com suas espadas, suas armaduras e eu acabo com cada um de vocês só com essa faquinha, sabem que eu posso... Viram muito bem o que fiz com os últimos oito e hoje estão com um humor pior do que estava naquele dia, só para que saibam.
Todos continuaram em silencio. Joseph agradeceu por isso, podia realmente lutar, mas preferia não arriscar, não enquanto estivesse sentindo tanta dor, aquilo atrapalharia seus movimentos e não precisava de mais cicatrizes.
__Cadê a coragem de vocês agora seu bando de merdas?__ ele resmungou__ andem, vão trabalhar e se recusarem a sair do lugar vão se arrepender também. Vão logo antes que eu mude de ideia.
Finalmente, nada satisfeitos com a situação, eles saíram do lugar e voltaram ao seus postos e atividades. Quando estava sozinho, Joseph suspirou aliviado e guardou novamente a faca, sentando-se em um canto sobre a sombra. Estava sentindo-se estranho aquela manhã, sentia-se uma pessoa diferente, era como se não estivesse agindo naturalmente e sim interpretando um papel idiota. Estava começando a se cansar de ser o cara mau o tempo inteiro, sempre alerta a algum risco de morte. Quando será que teria alguma paz? Quando será que aquilo ia acabar?
Fim do Capítulo 

Capitulo 15 (Maratona)


Encurralada.

Reino de Murdor

Paola voltou alguns minutos depois com um amigo. Harry era seu nome, não era um soldado, não trabalhava para Klaus como os outros homens, era um ferreiro, mas sabia manejar muito bem a espada e faria qualquer coisa para ajudar Paola. Joseph não teria confiado nele, ele não confiava em ninguém na verdade, mas Paola era diferente e naquela situação eles não podiam se dar ao luxo de escolher muito.
Os soldados estava alvoroçados com o que ocorrera, ninguém presenciara o ocorrido, só encontraram os corpos caídos em frente a forja, mas todos já sabiam que tinha sido coisa do cavaleiro das sombras, pois estavam todos a par da emboscada que armaram para ele. Estavam todos irritados pelo ocorrido, mas como não sabiam que Joseph estava machucado ainda não tinham se arriscado vindo atrás dele, o que não deixava Demetria mais tranquila.
__Foram só oito homens dessa vez, e se o exercito todo resolver se revoltar contra ele?__ ela questionara__ eu duvido muito que mesmo o Joseph possa derrotar um exercito de dez mil homens sozinho, ainda mais agora que está machucado.

__Não sabem que ele está machucado e depois do que viram não se atreverão a confrontá-lo, pelo menos não agora__ Paola a acalmou__ quando criarem coragem, Joseph já terá acordado e estará bem.
__É bom que esteja certa__ suspirou.
__Escute Demetria, eu tenho de voltar ao Bordel para cuidar do trabalho e de lá poderei saber melhor se os soldados estão tramando alguma coisa. Ninguém se atreverá a invadir a casa de Joseph, mas vou deixar Harry lá fora de vigia só por precaução enquanto ele não acorda e você deve ficar aqui com ele.
__Ficar aqui? Por quê?
__Enquanto Joseph estiver desacordado não é seguro para você no Bordel, eles não vão atacar Joseph, mas podem querer pegá-la enquanto está sozinha. Os soldados entram e saem do La Luna todo o tempo, aqui você vai estar segura, e é bom que alguém esteja com Joseph quando ele acordar, eu não posso ficar aqui.
__Se você acha que é melhor assim, então eu concordo.
__Tenho que ir agora, volto depois para vê-los.
Paola deixou instruções com Harry e voltou ao La Luna. Demetria ficou sozinha com Joseph que permanecia desacordado e Mrs. Galvin, que ainda não tinha ido embora para poder dar algumas instruções a Demetria e Paola.
__Eu tenho que voltar para casa princesa, mas prometo que volto bem cedo para ver como ele está__ Mrs. Galvin disse__ eu duvido que ele vá acordar ainda hoje, mas caso aconteça, dê-lhe essa mistura de ervas que fiz, era para dor__ e depositou a mistura na mesinha ao lado da cama__ e é bom que limpe o ferimento de novo para não infeccionar.
__Tudo bem, obrigada pela ajuda Mrs. Galvin e não conte isso a ninguém.
__Não vou contar querida, eu prometo.
E ele também saiu. Demetria se sentiu terrivelmente sozinha quando trancou a porta e sentou-se novamente na cama ao lado de Joseph. Como se não bastasse tudo que lhe acontecera agora estava encurralada e não poderia sair daquela casa enquanto Joseph não acordasse, ele era o único que a defenderia e nem o faria porque se importava, mas sim porque era preciso.
Ela estava sozinha.

Não Posso Me Importar

Joseph acordou sentindo algo frio e úmido deslizando por seu peito. Esticou a mão num movimento rápido e involuntário para parar o que quer que fosse e agarrou o pulso de alguém. Abriu os olhos e se deparou com o rosto da princesa Demetria o fitando de olhos arregalados, completamente surpresa. Tinha um pano molhado na mão que ele agarrara e parecia cansada.
__O que está fazendo?__ ele perguntou, quase não reconheceu a própria voz.
__Oh meu Deus, você acordou__ ela exclamou, e ignorando a pergunta dele se virou na direção da porta__ Harry.
Um homem abriu a porta e apareceu dentro do cômodo.
__Chame Paola e Mrs. Galvin, avise que Joseph acordou... Agora__ ela disse apressada.
Sem dizer uma palavra, o homem saiu correndo porta a fora.
__O que... O que aconteceu?__ Joseph perguntou confuso, tentou se levantar mas foi tomado por uma tontura e uma terrível dor no ombro, e acabou tombando de volta na cama.
__Não levante__ Demetria disse__ você levou uma facada no ombro, precisa de descanso.
__Quanto tempo... Quanto tempo fiquei desacordado?__ ele perguntou.
__Dois dias__ a princesa respondeu__ você perdeu muito sangue.
__Dois dias?__ ele disse horrorizado. O que não teria acontecido em dois dias sem ele por perto?
Paola entrou correndo na casa, com Mrs. Galvin logo atrás.
__Oh, graças a Deus você acordou__ Paola sorriu aliviada.
__Onde está a mistura de ervas que te dei?__ Mrs. Galvin perguntou__ dê um pouco para que ele beba.
Demetria pegou a mistura e Joseph bebeu um gole, fazendo uma careta de desgosto.
__Isso é horrível__ ele resmungou.
__É para ser curativo, não gostoso__ Mrs. Galvin revirou os olhos__ vai ajudar com a dor, tome mais um pouco.
Mesmo a contragosto ele bebeu, reclamando do gosto horrível que aquilo tinha. Paola só sorria, contente por ele ter acordado.
__Tenho que voltar ao trabalho__ Mrs. Galvin avisou__ quando ele parar de reclamar, limpe de novo o ferimento e passe um pouco de pasta em cima, vai evitar que infeccione e vai ajudar na queimação.
__Obrigada Mrs. Galvin.
__Será que eu posso conversar um minuto com Paola?__ Joseph pediu__ a sós.
__Claro__ concordaram.
Mrs. Galvin voltou ao trabalho, Demetria saiu e foi esperar lá fora junto de Harry. Paola se aproximou mais e sentou-se na beirada da cama ao lado de Joseph, olhando para ele com alivio, como uma mãe olha para um filho.
__Dois dias__ ele suspirou__ o que aconteceu nesses dias que fiquei desacordado?
__Os soldados ficaram alvoroçados por causa das mortes na forja__ ela explicou__ eles sabiam que foi você e acho que quando viram o estrago que fez sozinho, ficaram com medo de enfrentá-lo, nenhum deles se atreveu a invadir sua casa, mas estavam esperando ansiosamente que você voltasse a seu posto.
__Não tiveram problemas?
__Um dos soldados veio lhe procurar, ele não queria briga, apenas conversar. Mas você só está vivo ainda porque nenhum deles sabia que você tinha se machucado e se ele entrasse ia ver o seu estado. Tivemos que silenciá-lo.
__Tivemos?
__Harry o matou__ ela fez careta__ e nos livramos do corpo depois.
__Harry o ferreiro?__ ergueu a sobrancelha.
__Pedi que ficasse de vigia na porta.
__E você confiou nele?__ disse irritado.
__Você está vivo certo?__ ela rebateu mal humorada__ nem todos no mundo são falsos e traidores.
Ele ficou quieto, quando tentou se mover foi atingido por um enorme dor no ombro e gemeu agoniado.
__Droga, como isso dói__ respirou fundo__ e Klaus? Ele não voltou?
__Não, não temos nem sinal dele__ Paola disse__ Demetria ficou aqui cuidando de você enquanto estava desacordado. Não quis que ela voltasse ao Bordel sem você por perto, os homens esperavam pegá-la de surpresa, eles sabem que nem mesmo você poderia vigiá-la vinte e quatros por dia. Eu tinha que trabalhar e você não podia ficar só, espero que não se importe. Acho que ela deveria continuar aqui até que você esteja completamente recuperado, para o seu bem e para o dela.
__Eu não preciso de babá, estou perfeitamente bem.
__Você quase morreu Joseph__ ela o lembrou__ foi muito corajoso se enfiar na frente da faca para protegê-la.
__Só estava fazendo meu trabalho__ ele resmungou, tinha se acostumado a repetir aquela frase tantas vezes que agora saia quase que naturalmente, como um reflexo que ele não conseguia evitar.
__Oh, não me venha com essa__ Paola revirou os olhos__ você não arriscaria a própria vida desse jeito se não se importasse nem um pouquinho com ela. Sei que Klaus a quer viva, mas você não se daria o luxo de morrer e deixar sua família sozinha.
__Como se uma facada pudesse me matar__ ele bufou__ por favor Paola, não comece com historinhas.
__Porque não quer admitir que se importa com ela em?__ desafiou__ já a salvou várias vezes, e sei que assim como eu admira a força dessa princesa, outras em seu lugar não suportariam o que ela suporta. Admita que gosta dela.
__A única coisa que sinto por ela é pena.
__Porque não admite?__ Paola disse sorrindo de lado.
__Porque não posso me importar Paola__ ele respondeu agora irritado__ não posso me dar ao luxo de me importar com mais ninguém. Me importo com minha família, com você, com Peter e olha só onde estou agora, as coisas que tenho que fazer. Você não sabe disso, mas Klaus ameaça a você e ao Peter também para me manter na linha e vivo com medo de ter que assistir a sua morte a qualquer momento por um deslize meu. Então não posso me importar com ela, à princesa já tem problemas demais sem a minha ajuda e não quero mais uma preocupação em minha vida.
__Joseph...
__Porque acha que não tenho uma família Paola?__ ele a interrompeu__ a maioria dos soldados tem esposa e filhos, porque acha que sou diferente? Não é porque não quero e sim porque não posso, pois Klaus vai usar tudo que eu amo contra mim, assim como já faz agora. Só vou poder ter uma vida de verdade quando ele morrer, enquanto isso... Não, eu não me importo.
Paola o fitou em silencio por um longo momento, ele apenas fechou os olhos e respirou fundo para se acalmar.
__Eu sinto muito...
__Não sinta pena de mim, não preciso disso, estou perfeitamente bem__ disse grosseiramente.
__Sabe... Negar um fato não vai fazer ele deixar de ser verdade__ comentou em um sussurro__ algumas vezes não queremos sentir uma coisa, mas sentimos mesmo assim. Não queria me apegar à princesa, mas é inevitável não gostar de alguém como ela, e quando ela for embora, ou quando morrer, seja lá qual for o seu destino, eu sentirei falta dela e chorarei a sua perda.
__Já terminou?__ ele a fitou com seus olhos azuis vazios__ agradeceria se fosse embora, preciso descansar.
__Ela pode ficar aqui com você ou não?
Ele demorou o que pareceu uma eternidade para responder.
__Pode__ murmurou por fim.
__Tudo bem__ ela se levantou__ volto outra hora para ver como você está.
Ele nada respondeu, e então ela foi embora.
Demetria entrou logo depois e foi se sentar ao lado dele na cama.
__Está doendo muito?__ ela perguntou.
__Nada que eu não possa suportar, vai passar logo__ ele respondeu__ não é a primeira vez que isso me acontece.
__Obrigada, por salvar minha vida, essa faca deveria ter me acertado.
__Eu só...
__Estava fazendo o seu trabalho__ ela o interrompeu__ eu sei disso, mesmo assim... Obrigada. Não é a primeira vez.
__Seria bom se tentasse ficar uns dias sem arrumar problemas.
__Eu vou tentar__ ela riu __Obrigada também por me deixar ficar aqui, não sei o que me aconteceria se voltasse ao Bordel.
__Isso vai passar quando Klaus retornar, os soldados não se arriscarão na presença dele.
__Fiquei surpresa que tenham tido coragem de te desafiar__ ela confessou.
__Isso acontece de vez em quando, eles acham que se vierem em grupo podem conseguir alguma coisa, mas nenhum deles tem a coragem para me desafiar sozinho__ ele sorriu__ são todos covardes, acabo com eles até mesmo com um braço só.
__Não duvido disso__ ela esticou a mão para pegar a pasta de ervas que Mrs. Galvin deixou__ posso?
__Claro__ ele concordou.
Demetria pegou o pano molhado que usava antes para limpá-lo e passou sobre o ferimento para poder limpar. Joseph fazia careta com qualquer contado, mas não disse nada enquanto ela passava a pasta com todo cuidado em seu ombro, sobre o ferimento. Aquilo deixaria uma cicatriz e tanto, mas não seria a primeira e nem a ultima que ele teria. Eram a lembrança de todas as vezes que ele vencera a morte.
__Obrigada__ ele sussurrou quando ela terminou.
Demetria apenas deu um meio sorriso e depois se afastou para que ele pudesse dormir em paz.
Fim do Capítulo 

Capitulo 14 (Maratona)


Tudo Ficou para Trás.

Reino de Murdor

Demetria estava agora sentada em seu quarto, olhando pela janela como gostava de fazer, imaginando que estava em casa. Vitória estava com ela, seu mal estar tinha passado e elas vieram a descobrir que o motivo era que Vitória estava grávida. Primeiro houve desespero, ela nem mesmo sabia quem era o pai da criança, mas acabou por se alegrar com a ideia, provavelmente era o mais próximo de uma família que ela conseguiria ter e esse pensamento deixava Demetria entristecida.
__Estão dizendo por ai que seu pai armou uma armadilha para Klaus e seus homens__ Vitória comentou, despertando o interessante de Demetria que desviou os olhos da janela para fitá-la.
__Como disse?
__Parece que Klaus saiu da cidade com o comandante e seus homens porque capturaram um dos homens de seu pai e acharam que podiam arrancar informações dele__ ela explicou__ mas parece que era tudo uma armadilha e houve uma explosão estranha com fogo vermelho, e muitos dos soldados morreram. O comandante por pouco também não morreu, ele teve sorte.

Demetria se lembrou de como Joseph aparecera na outra noite, todo sujo e machucado. Aquilo também explicava porque ele não quis lhe contar o que aconteceu. Mas ela não conseguia entender o que o pai estava tramando, ele atacava uma cidade pequena, para matar alguns homens de Klaus aleatoriamente ao invés de invadir Murdor e salvá-la.
__E o Rei Klaus?
__Ah, ele não estava junto, mas parece que resolveu ficar na cidade por algum tempo.
__Para minha sorte__ Demetria suspirou__ como sabe dessas coisas?
__As noticias correm__ ela deu de ombros.
Demetria voltou a olhar pela janela, suspirando. Ainda não tinha se acostumado com o quanto às coisas estavam diferentes.
__Em que está pensando?__ Vitória perguntou__ no seu príncipe?
__Eu não tenho um príncipe__ ela murmurou distraída.
__Como assim não tem?
__Para se ter um príncipe precisa ser uma princesa, eu não sou mais uma princesa, meu pai não é mais um Rei, eu não tenho mais casa, nem família... Tudo isso ficou para trás e estou sozinha.
__Não é verdade, eles virão te salvar e...
__Não sei se quero que venham me salvar.
__Porque não?__ Vitória estava confusa.
__Porque se vierem vão morrer e não quero que mais ninguém morra por minha causa. Prefiro ficar aqui para sempre.

Emboscada

__Não consegue dormir?
Joseph ergueu os olhos e viu Paola o observando.
__Na verdade não__ ele confessou.
Tinha acordado no meio da noite, completamente inquieto e não conseguiu mais dormir. Depois de revirar na cama por vários minutos resolveu arrumar uma tarefa para se ocupar e saira de casa, caminhara um pouco pelas ruas e terminara nas forjas da cidade, trabalhando em uma nova espada. Aquela era uma noite fria, mas devido ao calor intenso nas forjas, estava sem camisa, suado e descabelado.
__Você parece cansado__ ela comentou.
__Eu me sinto cansado, mas de nada adiantou, não consigo dormir.
__O que o está preocupando?
__Preciso mesmo lhe dizer?__ revirou os olhos__ a guerra está batendo em nossa porta.
__Desde quando tem medo da guerra? Voltou vencedor da ultima não lembra?
__Não estou com medo, mas dessa vez é diferente, tenho o pressentimento de que não vai acabar bem. Pra nenhum dos lados__ ele largou a espada, tirou as luvas e a fitou seriamente__ Klaus está nervoso, metendo os pés pelas mãos, eu mesmo quase morri no outro dia por uma emboscada de Robert e não vai demorar para ele invadir essa cidade. Vai acontecer como da outra vez, ele vai acabar matando todo mundo para tentar parar Klaus e não vai acabar bem.
__Sabe que o único jeito de evitar uma guerra é devolvendo a princesa né?
__E você sabe que isso não vai acontecer.
__Eu sei__ ela concordou__ eu sei.
Os dois ficaram em silencio um tempo, quando Joseph viu alguém se aproximando.
__Princesa?__ ele ergueu a sobrancelha__ o que faz aqui?
__Eu não conseguia dormir, resolvi andar__ ela respondeu__ parece que não fui à única.
__Não é uma boa noite__ Paola comentou.
Demetria já ia responder o comentário quando viu a expressão do comandante mudar, ficando alerta. Segundos depois ouviu passos e eles estavam cercados por um grupo de oito soldados. Joseph pegou sua espada e se pos na frente das duas mulheres, analisando os homens com toda atenção, pronto para qualquer coisa que resolvessem aprontar.
__Estão com algum problema?__ Joseph perguntou apertando o cabo da espada.
__Temos um assunto para resolver comandante__ um dos homens, um gorducho careca falou.
__Que assunto querem resolver a essa hora da noite?
__Você quebrou a perna do meu filho ontem__ o gorducho disse__ e matou o filho do meu amigo aqui.
__Eles fizeram por merecer__ deu de ombros despreocupado.
__Escute Joseph__ o homem murmurou, o chamando pelo primeiro nome, coisa que nunca fazia__ estamos cansados de você, desse seu reino de terror aqui em Murdor e resolvemos acabar com isso.
__Verdade?__ ele sorriu__ e como pretendem fazer isso?
__Matando você e depois pegando a princesa para nos divertirmos um pouco__ ele respondeu divertido__ você e o Rei não são os únicos que tem o direito de se divertir? Ou pensa que não sabemos que você tem anda tirando uma casquinha dela?
__O que pensam que eu sou em? Alguma prostituta?__ Demetria exclamou irritada__ todos vocês merecem queimar no inferno.
__Calma princesa__ Joseph avisou__ eu cuido disso. Vão embora vocês duas.
__Elas ficam, serão o nosso premio.
__Tudo bem então, se acham prudente me enfrentar__ Joseph deu de ombros e ergueu a espada__ quem vencer leva as moças.
__Feito.
Os dois primeiros homens avançaram em Joseph. Paola e Demetria se afastaram assustadas e assistiram enquanto com habilidade ele derrubava os dois homens, o primeiro com um corte na garganta, o segundo com a espada enterrada no peito. Mais dois avançaram em seguida, Joseph cortou a perna dele, que caiu no chão agonizando e cortou fora a cabeça do segundo, espirrando sangue para todos os lados.
__Ok, só faltam quatro... Quem quer ser o próximo?__ ele perguntou com a lâmina ensanguentada brilhando a luz da lua.
__Você não vai passar desta noite comandante.
Mais três homens avançaram sobre ele, e com a mesma rapidez derrubou os dois primeiros, mas antes que acertasse o terceiro, o velhote que liderava a emboscada avançou na direção de Demetria e Paola com uma faca. Joseph socou o rosto do primeiro homem e se pos na frente quando o velho ia enterrar a faca em Demetria, a lâmina afiada adentrou a carne, atravessando o ombro e Joseph conteve o grito de dor enquanto enterrava a espada nas costas do homem.
Só mais um ficou de pé. Demetria e Paola observaram horrorizadas enquanto ele lutava com o ultimo soldado ainda com a faca enterrada no ombro, e o sangue escorrendo pelo peito nu. Sem perder tempo, Paola pegou o caldeirão sob o fogo, protegendo as mãos com o pano do vestido e derrubou o ferro derretido lá dentro sobre a cabeça do homem quando ele estava distraído. O som que ele fez quando o metal lhe cobriu a cabeça era de cortar o coração, mas ele merecera aquilo, Demetria tentou não olhar. Logo os oito soldados estavam todos mortos no chão.
__Oh Meu Deus, você está bem?__ Demetria correu até Joseph, o fitando de olhos arregalados.
__Eu tenho uma faca enfiada no meu ombro, o que você acha?__ ele respondeu grosseiramente.
__Precisamos de um médico agora__ Paola disse__ eu vou chamar o Mrs. Galvin.
__Eu vou levá-lo para casa__ Demetria disse e Joseph apoiou o braço bom no ombro dela__ vá depressa, ele está perdendo sangue.
Paola saiu correndo para buscar o médico e enquanto isso Demetria ajudou Joseph a ir pra casa. Chegando lá ele largou a espada e sentou-se na cama, a expressão de seu rosto se contorcendo em agonia. Demetria só conseguia fitá-lo com aflição.
__Aguenta firme, o médico já vem__ ela tentou acalmá-lo, mas ela era a única nervosa ali.
__Não é a primeira vez que isso me acontece princesa, não há porque se preocupar, não vai ser assim que eu vou morrer__ ele resmungou fazendo careta__ por favor, tire essa coisa do meu ombro.
__Eu não vou tocar nisso__ ela negou nervosamente com a cabeça.
__Ok, eu faço então.
Ele estendeu a mão para segurar o cabo da faca e puxar, mas Demetria o impediu.
__Você está maluco? Não faça isso, vai acabar se machucando mais__ ela protestou__ espere o Mrs. Galvin.
__Tudo bem, tudo bem__ ele gemeu irritado__ fique de olho na porta, não duvido nada que vai aparecer mais alguém aqui para tentar me matar.
Demetria ficou de vigia na porta até Paola aparecer com o médico. Ele examinou com calma a ferida no ombro de Joseph, que já estava totalmente impaciente, suado e mal humorado, como nunca antes.
__Tira logo essa droga do meu ombro__ ele gritou nervoso.
__Fique calmo__ Mrs. Galvin pediu__ isso vai doer.
__Acabe logo com isso__ ordenou.
__Paola, me ajude aqui, segure ele__ o médico pediu.
Demetria não conseguiu olhar enquanto Paola segurava Joseph e Mrs. Galvin puxava a faca do ombro dele. Ela estremeceu com o grito de dor que ele deu, pensando que aquela faca devia estar enterrada no peito dela e não nele. Muitos problemas seriam resolvidos e confrontos poupados se ela estivesse morta, ela só servia para causar problemas, era tudo que conseguia pensar.
__Está perdendo muito sangue__ Galvin disse__ preciso costurar o ferimento, vou precisar de ajuda.
__É só me dizer o que tenho fazer.
Demetria ficou de vigia na porta durante todo o tempo enquanto o médico cuidava de Joseph, para ter certeza que não seriam pegos de surpresa. De vez em quando ela olhava pra ele e o via gemer de dor enquanto o médico o costurava e tinha vontade de gritar. No meio do procedimento Joseph acabou desmaiando por conta da dor, mas Mrs. Galvin garantiu que ele ficaria bem.
__É um homem forte, não é a primeira vez que o costuro por algum ferimento__ Mrs. Galvin sorriu limpando as mãos cobertas de sangue__ ele só precisa descansar e é bom que fiquem de olho nele, os homens de Klaus não estão contentes e se souberem do estado dele vão tentar matá-lo enquanto dorme. E vão querer pegá-la também princesa.
__Não podemos defendê-lo se alguém resolver atacar__ Demetria disse nervosa.
__Eu dou um jeito nisso__ Paola prometeu__ fique aqui com ele e o Mrs. Galvin, eu volto logo.
__Paola...
__É só um instante Demi, eu prometo que volto logo.
E saiu da casa, deixando-os sozinhos.
Demetria sentou-se na cama, ao lado de Joseph que permanecia desacordado e imaginou se haveria algum jeito de a situação deles piorar. Agora que Klaus não estava em Murdor tudo tinha virado caos, Joseph era perfeitamente capaz de se defender, até mesmo doente, mas para isso precisava estar acordado e ela não sabia quando ele ia se recuperar totalmente.
E era tudo sua culpa.
Fim do Capítulo