sexta-feira, 13 de julho de 2012

Capitulo 22 e Capitulo 23 e Capitulo 24 e Capitulo 25 + Desculpas


Juntos.

Reino de Murdor

Joseph estava sentado à mesa. Um copo de vinho em uma mão, uma moeda em outra, que ele girava por entre os dedos distraidamente, os pensamentos distantes. Mesmo que ninguém mais soubesse, eles estavam sob ameaça de guerra, e a qualquer momento Robert poderia sair de seu esconderijo e atacar. Joseph tinha que salvar a família antes que isso acontecesse, mas como poderia fazê-lo sozinho? Não parecia possível.
__Em que está pensando?__ Paola perguntou.
__Em como salvar minha família sozinho, sem que elas saiam machucadas.
__Não precisa fazer isso sozinho__ Paola disse.
__E quem fará por mim? Eu agradeço a intenção Paola, mas não acho que suas habilidades vão me servir nessa missão. Preciso de homens que saibam lutar, estejam dispostos a matar e a morrer, e mesmo que você pudesse lutar, nunca arriscaria sua vida assim.
__Joseph...

__Eu posso ajudar.
Os dois se calaram e olharam na direção da porta. Harry, o ferreiro, estava lá parado os observando.
__Desculpe, eu estava ouvindo a conversa de vocês__ Harry disse sem jeito__ eu quero ajudar.
__Porque você me ajudaria?__ Joseph o fitou com desconfiança.
__Você é amigo de Paola, e qualquer amigo dela é amigo meu também__ ele disse__ e... Vejo que é uma boa pessoa e merece ter sua família de volta. Se quiser ajuda, conheço alguns homens que estão cansados do Reino de terror do Klaus e que fariam qualquer coisa pela liberdade. Eles o ajudariam a resgatar sua família em troca da liberdade.
__Eles se arriscariam tanto assim? É uma tarefa perigosa e... Qualquer erro pode custar à vida de minha família.
__Os homens tem mais medo de você do que de Klaus__ Harry murmurou__ se souberem que está do lado deles terão mais coragem, e farão o que for preciso. Estou disposto a correr o risco e sei que eles também.
__Não precisa fazer tudo sozinho cavaleiro das sombras__ Paola sorriu__ podemos fazer juntos.
__Não sei bem...
__Você queria ajuda__ Paola o lembrou__ não desperdice a chance.
Joseph considerou a ideia por um momento. Não costumava confiar assim nas outras pessoas, mas a oportunidade estava aparecendo bem na sua frente e sentia que se arrependeria se nem ao menos tentasse. Não tinha tempo a perder.
__Quero ver quem são esses homens pra ter certeza se posso confiar neles.
__Tudo bem__ Harry concordou.
__Está chegando à hora de irmos embora desse lugar__ Paola disse sorrindo__ falta muito pouco agora Joseph, muito pouco.
Ele queria muito acreditar que sim.

O Plano Perfeito

Joseph ficou impressionado quando Harry apareceu com o grupo de amigos que estavam dispostos a quebrar as regras do Rei e ajudá-lo a resgatar sua família em troca da liberdade da tirania de Klaus. Eram doze homens, comparado com o exercito de Klaus não era muita coisa, mas já era mais do que ele esperava conseguir... Homens fortes, corajosos e honestos, dispostos a tudo para mudar de vida. Valia a pena a tentativa.
Antes de qualquer coisa, Joseph conversou isoladamente com cada um deles, e investigou rapidamente suas vidas para ter certeza de que eram confiáveis. Quando estava satisfeito resolveu contar a eles o seu plano. Desenhou um mapa da cidade de Harenwall, e indicou os lugares exatos em que os soldados estavam e onde sua família estava sendo mantida refém. Também revelou a eles os tipos de armamentos e explicou que pretendia fazer uma invasão à noite, quando estivessem mais desprotegidos.
Joseph também os treinou, ensinando-lhes alguns golpes e formas de se defender. Klaus estava muito quieto, satisfeito com a mais nova descoberta e não desconfiou de absolutamente nada. Não desconfiou do complô, assim como não desconfiava que nas noites que não estava com ele, Demetria passava ao lado de Joseph.
__Quando vai colocar o plano em prática?__ Demetria perguntou. Estava sentada olhando pela janela para a noite lá fora enquanto Joseph vestia roupa e se preparava para ir embora.
__Mais alguns dias__ ele disse__ é tudo que preciso, então atacaremos.
Ela apenas assentiu, abraçando a si mesma para espantar o frio.
__Vou levá-las para longe e então volto à cidade para buscar você e os outros__ ele disse__ só tenha um pouco mais de paciência.
__É só o que eu tenho.
Ele lhe deu um beijo e depois partiu. Demetria queria acreditar tanto quanto ele que o plano daria certo, mas tinha medo. Uma sensação ruim que ia crescendo a cada dia e se espalhando até infectar suas esperanças. Ele concerteza salvaria sua família, mas depois de tanto tempo, de alguma forma Demetria não conseguia se ver saindo daquela cidade. Mesmo não estando em uma cela, quando olhava para os muros de Murdor sentia-se sufocada... Parecia que não veria mais o mundo lá fora.
Esperava que estivesse errada.
Fim do Capítulo


Algo Não Está Certo
.

Reino de Murdor

Joseph, Paola, Harry e Demetria estavam sentados juntos num canto do Bordel conversando. Vitória também estava presente, mas nada dizia enquanto Joseph falava sobre os últimos detalhes de seu plano para salvar a família e tirar todos daquela cidade.
__Vamos mesmo fazer isso não é?__ Paola sorriu.
__Vamos, e vai ser logo, antes que a guerra comece e tenho a impressão de que não vai demorar.
Antes que Joseph completasse o pensamento, um dos homens de Klaus entrou apressado no Bordel sem ser anunciado, atrapalhando a conversa. Ele estava ofegante, sinal de que tinha vindo correndo e os olhos estavam arregalados.
__O que aconteceu?__ Joseph questionou.
__Noticias de Severac__ ele murmurou__ sobre o Rei Robert... Nossos homens espalhados por aquela área disseram que o Rei Robert saiu do esconderijo e começou a marchar com seus homens.
__Está vindo para cá?__ Joseph se levantou apressado, não era para isso estar acontecendo ainda.

__Não senhor__ o homem negou e seus olhos vagaram até Demetria__ está saindo do país.
Joseph pensou ter ouvido errado, mas o homem reafirmou a informação e sem dizer nenhuma palavra e nem olhar para trás, Joseph saiu correndo em direção ao Palácio para encontrar o Rei Klaus. Aquilo não estava certo, tinha que ser uma mentira.
Encontrou o Rei na sala do Trono, com o olhar vazio encarando o chão.
__Ele me enganou mais uma vez Joseph__ Klaus murmurou assim que Joseph passou pela porta__ ele me fez acreditar que estava armando um exercito para me atacar e no fim das contas tudo que o imbecil fazia era planejar uma fuga para fora do país.
Joseph se lembrou do que viu no esconderijo. Lembrou-se de Alex e das tentativas dele de salvar a princesa. Lembrou-se também do dia que invadiram Severac e do meio tempo que tiveram Robert em suas mãos e se recusou prontamente a acreditar que aquele homem estava fugindo com medo de Klaus, aquilo era impossível, era ridículo.
__Pensei que o fato de ter a filha dele em minhas mãos garantiria que viria até mim, mas estava errado. Ele não está nem ai praquele maldita garota, ele só se importa com a própria vida... É UM COVARDE.
Um pensamento perturbador tomou conta de Joseph.
__Senhor... Não acho que ele esteja fugindo...
__Acabou Joseph, ele sumiu do mapa e não sei para onde foi... Ele fugiu como o bom covarde que é... Nunca conseguirei matá-lo.
Ele queria discutir... Mas teve que fazer a pergunta que realmente importava.
__O que... O que o senhor fará com a princesa agora?
__Não sei. Poderia matá-la, mas Robert não se importaria__ deu de ombros__ não sei mais o que fazer.
O Rei o dispensou logo em seguida, não queria conversar com ninguém. Joseph correu de volta ao Bordel e deu de cara com Paola na porta o esperando, totalmente apreensiva.
__Joseph o que está havendo?
__Dizem que Rei Robert está fugindo do país com seus homens.
__Não é certo?
__Não acredito que ele esteja fugindo, não acredito que ele largaria a filha aqui, é impossível Paola.
__Então o que diabos está havendo?
__Robert já se mostrou muito esperto até agora, sabe o que eu acho Paola?__ Joseph sussurrou__ que temos de dormir de olhos bem abertos.
E disparou escada acima para encontrar com Demetria.

Sozinha

__Ele está mesmo indo embora do país?__ Demetria perguntou quando Joseph passou pela porta.
__É o que dizem__ ele concordou__, mas não acredito que seja verdade. Ele não a deixaria aqui princesa.
__Ele fez exatamente o que desejei tanto que ele fizesse__ Demetria sussurrou com lágrimas lhe escapando dos olhos__ ele está indo embora e me deixando aqui sozinha. Eu devia estar feliz por saber que ele vai estar a salvo, agora que meu desejo se realizou, mas dói... Antes pelo menos eu sabia que ele me amava, agora a verdade aparece... Eu não valho nada.
__Isso não é verdade... Deve ser mais algum dos planos dele para enganar Klaus e...
__Pare de defendê-lo__ ela reclamou irritá-la__ porque o defende tanto? Você não o conhece.
__Eu o vi no dia da invasão, vi como estava preocupado com você e como jurou que ia salvá-la. Prometeu a mim que se eu a machucasse ia me matar, ia me fazer sangrar. Aquilo não é atitude de alguém que não se importa. O exercito que vi naquele esconderijo não era para uma fuga e sim para uma guerra... Acredite Demetria.
__Não sei mais no que acreditar... Não sei mais qual o meu lugar. Estou... Estou sozinha.
__Não está__ ele se aproximou e a tomou nos braços, em um abraço apertado__ Mesmo que a história da fuga fosse verdadeira, o que tenho quase certeza de que não é, você não estaria sozinha. Estou com você agora... Estamos todos juntos nessa. Assim como prometi que salvaria Macayla, eu...
__Não faça isso__ ela implorou se afastando__ por favor, não.
__Eu prometo que vou salvá-la também__ ele continuou mesmo com os protestos__ ou não mereço ser chamado de cavaleiro das sombras.
__Não há como salvar todo mundo.
__Eu posso__ ele garantiu__ posso fazer qualquer coisa.
Ainda naquela noite, enquanto todos estavam alvoroçados com as noticias sobre a fuga do Rei Robert... O Reino de Murdor teve uma grande surpresa.

A Promessa do Príncipe Encantado

Demetria estava encolhida em sua cama, abraçando a si mesma. Tentava chorar para aliviar o aperto no peito, mas nem isso conseguia fazer, estava seca por dentro. Sua mente estava cheia de perguntas e duvidas, de ódio e raiva e também de saudades e nunca se sentiu tão sozinha e confusa em toda sua vida. Fazia um tempo que a noite não parecia tão fria.
Joseph não estava ali com ela àquela noite, teve de trabalhar e atender aos caprichos de Klaus. O que ele tentava fazer na verdade era evitar que o Rei se zangasse e surtasse, que acabasse fazendo alguma besteira. Mas a essa altura Demetria duvidava que até mesmo Joseph pudesse pará-lo. Klaus ainda não podia morrer e a única forma de evitar a confusão era matá-lo, então o dilema continuava... Precisavam por o plano para salvar a família de Joseph em prática o mais rápido possível, não havia mais tempo a perder, Demetria não sabia mais quanto tempo tinha, agora que não tinha mas grande utilidade ao Rei e estava com medo, com muito medo.
Estava quase adormecendo quando ouviu um som alto de sinos tocando. Fazia tempos que não escutava aquele som, a ultima vez fora em Severac, estava dormindo em sua cama quando os sinos tocaram para indicar que a cidade estava sendo atacada e seu coração parou de bater ao ouvir novamente aquele som. Levantou-se apressada da cama e correu até a janela do quarto, ouviu gritos, pessoas e soldados correndo na rua e sentiu-se de volta aquela maldita noite.
Demetria se cobriu rapidamente com o manto e desceu as escadas do Bordel correndo, quase tropeçando no processo. Encontrou Paola e as outras meninas também assustadas reunidas no salão.
__O que está havendo?__ ela perguntou.
__A cidade está sendo atacada__ Paola respondeu.
__Por quem?__ o coração da princesa batia tão forte que quase não conseguia pensar.
__Não sei__ Paola disse e todas as meninas saltaram ao ouvir uma batida na porta.
__Não abra__ Vitória se agarrou ao braço de Paola assustada.
Outra batida. As meninas se entreolharam nervosas.
__PAOLA, ABRA A PORTA.
Demetria correu antes que qualquer outra pudesse e abriu a porta, aliviada ao ver Joseph do outro lado.
__O que está havendo Joseph?__ ela perguntou aflita.
__Estamos sendo atacados__ ele explicou__ quero que todas vocês fiquem ai dentro, não saiam por nada estão ouvindo? Ponham alguma coisa para prender a porta e não abram para ninguém até que eu volte.
__Quem está atacando?
__Faça o que eu digo princesa e tome cuidado.
Ele não esperou pela resposta dela, fechou a porta e saiu correndo, gritando ordens para seus homens. Boa parte dos soldados estava dormindo àquela hora e agora corriam enquanto punham as roupas e pegavam as armas para defender os portões da cidade. Joseph não lembrava quando fora a ultima vez que alguém teve coragem de atacar Murdor, mas sabia que aquilo só podia partir de uma única pessoa... De alguma forma sabia que nunca abandonariam a princesa a sua sorte.
Enquanto todos corriam para o portão principal, Joseph parou perto dos estábulos um momento, ouvindo um barulho e uma movimentação estranha. Os cavalos estava agitados demais. Puxou a espada e avançou lentamente, observando a escuridão com olhos atentos, podia sentir que tinha alguém ali.
De repente um cavalo passou por ele a toda velocidade, se desviou para não ser acertado e quando recuperou a compostura uma espada brilhante vinha em sua direção. Inclinou o corpo para trás para se afastar do golpe e aparou o outro com sua própria espada. O invasor fez força, tentando se soltar, mas Joseph o manteve preso e fitou seu rosto.
__Príncipe Alex__ disse com surpresa.
__Surpreso em me ver?__ Alex puxou a espada com força, se libertando de Joseph e apontou a espada novamente em sua direção, em sinal de desafio.
__O que diabos faz aqui?
__Vim cumprir minha promessa e resgatar minha princesa... Aquela que você seqüestrou, lembra-se?
__Idiota, está cometendo um erro__ Joseph resmungou e se esquivou com facilidade de outro golpe.
__Fugi da outra vez porque não tive escolha__ Alex disse__, mas não tenho mais medo de você cavaleiro das sombras. Vou resgatar Demetria de suas garras ou não me chamo Alex.
__Esse seu teatrinho não ajudará Demetria, só vai colocá-la em apuros nas mãos de Klaus... Porque é tão estúpido?__ resmungou olhando em volta apreensivo. Não queria lutar com aquele príncipe, não que não pudesse, mas Demetria não ficaria feliz se Joseph o matasse.
__Eu sei bem o que é melhor para minha noiva__ rebateu__ nunca mais encostará nela.
O pensamento não agradou Joseph e ele se remexeu inquieto. Alex interpretava claramente sua hesitação como medo, mas o problema não era esse. Talvez se o príncipe o escutasse por um momento.
__Vou levá-la embora esta noite ou morrer__ ele disse__ não há outra saída.
__Escute Alex... Está cometendo um erro...
Mas o príncipe não quis ouvir e avançou novamente contra Joseph. O comandante bem que tentou conversar enquanto se esquivava dos golpes, mas o príncipe guardara rancor desde o ultimo encontro e não queria ouvir. Joseph podia passar a noite naquela brincadeira, mas não tinha tempo para criancices, tinha que dar um jeito naquela confusão antes que tudo saísse do controle. Aquela maldita invasão surpresa poria tudo a perder.
__Pare de fugir seu covarde, lute comigo__ Alex gritou__ onde está toda sua coragem, cavaleiro das sombras? Não é nada do que aparenta ser... É apenas um...
Ele se calou de repente e caiu no chão desacordado. Joseph olhou par frente e avistou Harry.
__A falação dele estava me enchendo.
__Graças a Deus__ Joseph suspirou__ eu ia acabar matando esse infeliz se não calasse a boca.
__É amigo da princesa não é?
__É__ concordou__ tentei contar que estamos do mesmo lado, mas ele não me deixou falar. Harry, esconda-o em algum lugar e não deixe que os homens do Klaus o encontre, preciso dar um jeito de conter essa invasão. Não era para isso estar acontecendo.
__Você não disse que estava esperando por um ataque do Rei Robert? Que ele não tinha realmente fugido?
__Alex não está aqui a mando de Robert, está aqui porque é um imbecil que pensa ser um cavaleiro.
__Como...
__Não há tempo__ Joseph resmungou impaciente__ só... Se livre dele rápido.
__Tudo bem.
Joseph saiu correndo em direção ao portão e viu que os homens que vieram com Alex já haviam conseguido entrar na cidade. Não teve opção a não ser entrar na batalha e defender seus homens e os inocentes da cidade antes que aquilo terminasse em tragédia.
Fim do Capítulo

Mar de Sangue.

Reino de Murdor

Demetria e as meninas fizeram como Joseph ordenara e esperaram dentro do Bordel durante toda a noite enquanto ouviam gritos, socos e o tinir de metal e aço do lado de fora. Já havia amanhecido quando o alvoroço finalmente passou e alguém veio bater na porta. A principio pensaram que seria Joseph, mas logo descobriram que não.
__Abram a porta em nome do Rei__ gritou um homem lá fora.
__Joseph disse que não deveríamos abrir a porta__ Vitória disse assustada__ se estivesse tudo bem ele teria vindo pessoalmente não acham? Tem Algo errado.
__Abram a porta ou vou arrombá-la__ o homem insistiu__ O Rei Klaus deseja ver a princesa de Severac imediatamente.
__Paola tem algo errado__ Demetria disse aflita__ Joseph teria vindo me buscar.
__Você tem que ir__ Paola insistiu__ ou pode arrumar problemas, seja o que for estaremos com você.

Ainda relutante, Demetria concordou com Paola e juntas tiraram as barreiras da frente da porta e a abriram. Do outro lado estava um soldado alto, forte e a criatura mais feia que Demetria já vira na vida, era um dos homens do Klaus que ela já vira diversas vezes pelo Palácio. Ao seu lado estava o Silencioso, o chamavam assim porque ele nunca dizia nada, era mudo e não sabiam seu nome verdadeiro.
__O Rei deseja vê-la imediatamente__ o feioso informou.
Demetria não discutiu e seguiu os dois com Paola logo atrás mesmo sem ter sido convidada, ela sabia que o Rei não estava exigindo a presença da princesa num momento como aquele apenas por sexo, ou então Joseph estaria ali para acompanhá-la como sempre, era outra coisa. Será que era por causa da invasão? Será que tinha sido obra de seu pai? Não sabia o que pensar e se viu completamente aflita enquanto atravessavam a cidade.
Ao contrário do que pensara, não estavam indo para o Palácio, os guardas a guiavam para outro lugar, uma praça da cidade que usavam para julgamentos, ou melhor, executar sentenças, como enforcar e coisas do tipo, mas apenas quando Klaus queria chamar atenção e assustar as pessoas.
__Paola__ Demetria sussurrou com o coração disparado, não precisou verbalizar os pensamentos para que Paola compreendesse seu medo.
__Calma querida, vai ficar tudo bem__ Paola tentou tranquilizá-la embora também estivesse nervosa. Nunca se podia esperar nada de bom de Klaus.
A praça estava lotada de pessoas assustadas, outras furiosas, eufóricas, algumas machucadas e até uma ou outra morta no chão. O feioso e o silencioso abriram caminho entre elas por meio de empurrões e Demetria avistou lá na frente o palanque. Sobre ele se encontrava Klaus, com sua coroa e cabelos reluzindo ao sol, a cicatriz em seu rosto pareceu especialmente hedionda aquele momento. Ao seu lado estava o Montanha e vários outros soldados, todos machucados, sujos e cobertos de sangue da batalha.
Havia corpos enforcados e sem cabeça que não eram dos soldados de Murdor e Demetria se viu procurando por Joseph naquela confusão, a presença dele acalmaria seu coração. Mas ao invés disso o que viu foi outra pessoa e seu coração se encheu de um desespero que parecia que iria sufocá-la.
Ajoelhado no palanque, de frente para a multidão, estava o príncipe Alex. O Silencioso a agarrou pelo braço e a arrastou até lá em cima, a jogando ao lado dele.
__Meu Deus, Alex__ ela exclamou horrorizada e o abraçou apertado. Não imaginou que o veria de novo como um prisioneiro.
__Minha princesa__ ele a abraçou de volta e apesar da situação sorriu por tê-la de novo nos braços. Em alguns momentos chegara a pensar que nunca mais a veria e era bom ver que estava errado.
__Que cena comovente__ Klaus disse debochado, com aquele seu sorriso que Demetria tanto odiava.
__O que foi que você fez?__ Demetria sussurrou, se afastando para fitá-lo.
__Prometi que a salvaria__ ele murmurou__ eu tinha que tentar independente do que os outros dissessem. Infelizmente falhei e por isso peço perdão minha princesa.
__Não__ ela negou com lágrimas nos olhos, sempre que achava que não havia mais lágrimas para derramar, se surpreendia com uma nova dor que mudava tudo__ vai ficar tudo bem.
A multidão se agitou novamente e do meio dela surgiu o cavaleiro das sombras, assim como os outros soldados estava sujo de sangue, nem todo era dele, tinha alguns arranhões no rosto e os olhos azuis observaram confusos a cena em cima do palanque.
__Sinto muito__ Harry lhe sussurrou, claramente se desculpando por ter falhado na tarefa de esconder o Príncipe.
__Comandante__ Klaus sorriu__ que bom que chegou, estava a sua espera. Venha até aqui, por favor.
Enquanto subia no palanque, seus olhos se encontraram com os de Demetria, que chorava abraçada ao príncipe. Ela parecia lhe pedir socorro com os olhos e ele sentiu a garganta se apertar.
__Alteza__ fez uma reverência.
__Este homem__ apontou para o príncipe__ foi o responsável pelo ataque surpresa e covarde a nossa cidade. Este homem, é cúmplice do Rei Robert e por todos os seus crimes e vidas que tirou, estou o sentenciando à morte.
__Não__ Demetria gritou__ não pode fazer isso, não vou permitir.
__Está tudo bem minha princesa__ a expressão no rosto de Joseph se retorceu ao ouvi-lo chamá-la de “minha princesa” __ não temo a morte, só sinto ter falhado em cumprir minha promessa e não ter podido salvá-la.
__Alex...
__Joseph__ Klaus ergueu o tom de voz__ corte a cabeça do criminoso.
Joseph engoliu em seco e por um momento não quis acreditar no que tinha ouvido. Queria discutir e dizer que aquele era o trabalho de Montanha, ou que matar o príncipe era estupidez, mas sabia que de nada adiantaria e que se contrariasse o Rei na frente de todas aquelas pessoas estaria perdido, ainda mais agora que estava tão perto de conseguir salvar sua família. E também sabia que Demetria não o perdoaria se ele fizesse aquilo... De uma forma ou de outra, não acabaria bem.
__Não, não, não__ Demetria gritou desesperada quando Joseph desembainhou a espada.
__Eu te amo minha princesa__ Alex sussurrou e puxou-a para um ultimo beijo, doce e apaixonado__ me perdoe.
Joseph se aproximou com sua espada em mãos, a expressão vazia, mas os olhos ardendo de ódio, ela só não sabia de quem ou do que exatamente. Mãos fortes a envolveram e a arrastaram para longe de Alex e para fora do palanque. A princesa se debateu e tentou se libertar, mas o homem a puxou contra seu corpo e a obrigou a olhá-lo nos olhos... Era Harry.
__Harry__ sua voz saiu engasgada, estava sufocando com as lágrimas.
__Não olhe princesa__ ele ordenou, segurando firme o rosto dela e impedindo que se movesse__ olhe nos meus olhos, olhe somente para mim esta ouvindo?
Dois guardas seguraram Alex e Joseph se pôs em posição, vendo todas as suas estúpidas esperanças desaparecerem.
__Você vai pagar por isso cavaleiro das sombras__ Alex disse__ por todas as vidas inocentes que tirou... Vai pagar caro.
__Já estou pagando__ respondeu em um sussurro__ sinto muito.
Demetria olhava nos olhos de Harry quando aconteceu. Não viu a espada descendo, nem a cabeça do príncipe rolando, mas ouviu os murmúrios de espanto e euforia da multidão e sentiu uma dor terrível, como se enfiassem a espada em seu coração. De repente não podia mais respirar, como se estivesse se afogando em um mar de sangue, sangue de inocentes... Pessoas que perderam a vida para salvar a dela.

Coração Quebrado

Depois que todos foram embora da praça, Joseph ainda teve de ficar para se livrar do corpo do príncipe Alex. Quase não conseguia olhar para o que tinha feito e sentiu-se terrivelmente desprezível por matar uma pessoa que arriscara a vida de tal forma para salvar quem amava. Arriscara a vida para salvar Demetria, alguém cuja vida também lhe era importante, enquanto ele... O temível cavaleiro das sombras, estava sendo na verdade um verdadeiro covarde.
__Sinto muito__ Joseph quase deu graça a Deus por ter alguém que o distraísse daquele mar de sangue, quando ergueu os olhos, viu Harry parado ali o olhando com cara de culpado__ juro que fiz o que me pediu, eu o escondi... Mas atacaram minha casa, iam destruir tudo, eu tive que deixá-lo e proteger meus bens, minha família. Quando voltei, ele tinha acordado e outros homens o pegaram. Sinto muito Joseph.
__Está tudo bem Harry__ Joseph tentou tranquilizá-lo__ não foi sua culpa.
__Ele era amigo da princesa, e você teve de matá-lo por minha causa.
__Já disse que não foi sua culpa__ repetiu__ agora já está feito, esqueça.
Harry o ajudou a limpar o resto, sem dizer mais nada. Não adiantava se lamentar agora pelo estrago, já estava feito e não tinha volta. Quando terminaram, Joseph caminhou pela cidade avaliando o estrago da noite passada, vendo pessoas tentando voltar a sua rotina e ajudar os feridos. No meio de toda aquela bagunça, Joseph avistou também Peter.
__Peter?__ chamou enquanto se aproximava, sentindo-se de repente aflito. O menino estava sentado no chão, com a espada que lhe Joseph lhe dera na mão e coberto de sangue__ PETER.
Correu até ele e se abaixou ao seu lado, o coração palpitando enquanto conferia se ele estava machucado.
__Você está bem?__ perguntou, aquele sangue todo não parecia ser dele__ está machucado?
__Não__ ele negou e ergueu os olhos para fitar Joseph, estavam vermelhos e cheios de lágrimas__ eles atacaram minha casa, tentei fazer como você me ensinou e defender os meus pais. Eu matei um deles com a espada que me deu, mas não fui rápido o bastante, eles... Eles mataram todos... Mataram... Minha família__ o menino soluçou__ não consegui ser como você... Não consegui.
Joseph não soube o que dizer, e mesmo que soubesse não sabia se conseguiria falar qualquer coisa. Tinha saído tudo errado, ele devia ter protegido o menino e sua família, tinha que ter impedido aquela loucura, agora estava tudo desmoronando porque ele não fora bom o bastante. Levantou-se e pegou o menino no colo, que o agarrou com força enquanto chorava.
__Harry__ ele sussurrou__ pode ir aos estábulos e ver como está meu cavalo? Houve uma confusão lá e não sei se...
__Tudo bem__ ele concordou__ não precisa que eu te ajude com o menino?
__Não, eu cuido disso__ garantiu.
Carregou o menino pelas ruas da cidade até o Bordel de Paola. Por um momento quis ser novamente uma criança, para poder sentar e chorar, e ter alguém que o consolasse, mas não podia.
__O que aconteceu?__ Paola perguntou quando o viu__ está machucado?
__Não__ ele negou__ pode cuidar dele por mim um instante?
__Claro__ Paola concordou e pegou Peter do colo dele.
__Onde ela está?
__No quarto.
__Está bem?
Paola só fitou o chão. Então ele passou direto por ela e subiu as escadas do Bordel em direção ao quarto da princesa. Teve medo de abrir a porta e encará-la, mas precisava saber como ela estava, precisava vê-la. Encontrou-a encolhida na cama, o olhar distante, vazio, estava com cara de quem chorara muito. Joseph aproximou-se lentamente e ergueu a mão para tocá-la, mas ela se afastou do toque, se encolhendo para longe dele na cama.
__Não toque em mim__ ela disse sem olhá-lo, sufocando mais lágrimas.
__Demetria, me perdoe__ ele implorou__ eu não queria matá-lo, Deus sabe como me arrependo... Mas se eu não fizesse...
__Não__ ela ergueu a mão para que ele parasse de falar__ não quero ouvir suas desculpas, por favor, pare.
__Princesa por favor...
__PARE__ ela gritou finalmente o fitando com os olhos castanhos cheios de fúria__ será que não entende? Nada do que disser vai mudar o que aconteceu. Você o matou... Você o matou.
__Eu sinto muito__ ele sussurrou, e como sentia. Se fossem alguns meses atrás, não teria sentido nada ao arrancar a cabeça dele fora, teria sido só mais um dia. Mas agora era diferente, ela tornara tudo diferente.
__Eu sei que sente__ ela o surpreendeu com a calma que disse aquilo, apesar da fúria nos olhos__ eu entendo porque o fez. Você precisava fazer isso para salvar sua família, eu entendo Joseph. E penso que talvez em seu lugar teria feito o mesmo, não estou o julgando, não me entenda errado... Mas percebi uma coisa.
__Que coisa?
__Hoje Klaus mandou que você matasse Alex, amanhã pode ser que mande me matar e você o obedecerá.
__Eu nunca a machucaria__ ele protestou.
__Você teria que escolher entre mim e sua família e sejamos honestos... Ambos sabemos o que você vai escolher__ ela disse respirando para conter os soluços__ por isso temos que acabar com isso agora. Eu sou uma prisioneira, sempre fui, foi estupidez nos deixarmos envolver.
__Estupidez?
__Sim, estupidez__ ela gritou__ só torna tudo mais difícil... Só dói mais.
__Demetria...
__Se não me tocar mais__ ela sussurrou, a fúria se dissolvendo e se transformando em tristeza__ se não me beijar daquela forma que só você sabe fazer. Se não me tocar e fizer sentir aquelas coisas... Se... Se ficar longe de mim, então talvez não doa tanto quando você fizer sua escolha.
Ele gostaria de poder dizer que ela estava errada, que se tivesse que escolher a escolheria. Mas como podiam lhe pedir que escolhesse entre a vida dela, e de sua família? Ninguém deveria ter que fazer tal escolha, era doloroso demais... Até mesmo para ele.
__Por favor vai embora__ ela pediu abaixando a cabeça para encarar os lençóis, enquanto as lágrimas desciam__ vai embora.
Não estava com raiva dele, queria estar, sabia que devia estar, mas por mais que tentasse não conseguia. Mas estava doendo, não conseguia olhar para ele sem lembrar de que tinha matado Alex, seu amigo, alguém que tentara salvar sua vida. E não conseguia deixar de pensar que a qualquer momento seria a vez dela, e ele faria... Ele a mataria porque era preciso. E o pensamento machucava mais do que deveria.
__Por favor, por favor, vai embora__ ela implorou, abraçando a si mesma e se desfazendo em lágrimas. No fundo queria que ele a abraçasse e a consolasse, era o único que poderia fazer a dor diminuir, mas deixar que ele a tocasse seria burrice, estava cansada de sofrer, estava cansada de tudo aquilo__ por favor, por favor, vai embora, por favor.
Ele nada pode fazer a não ser ir embora como ela pedia.

Esta Noite

Peter havia adormecido enquanto Paola cuidava dele, e quando saiu do Bordel, Joseph o levou para sua casa. Agora que a família do menino estava morta, ele se sentia ainda mais responsável pela vida dele, era tudo que Peter tinha. Enquanto o menino dormia em sua cama, tomou um banho para se livrar de toda sujeira e sangue que o cobriam, tentando esquecer por alguns minutos aquele dia terrível, as palavras de Demetria, mas quanto mais se esforçava para esquecer, mas forte as lembranças ficavam.
Depois que saiu do banho, vestiu uma roupa limpa e saiu de casa, deixando Peter adormecido. Correu até o estábulo e encontrou Harry por lá, cuidando de seu cavalo, que por sorte não estava machucado.
__Oi Joseph__ Harry forçou um sorriso ao vê-lo__ ele não está machucado.
__Ótimo, porque vou precisar dele inteiro esta noite.
__Como assim? Vai a algum lugar?
__Nós vamos__ ele corrigiu__ vamos colocar nosso plano em prática.
__O que?__ Harry arregalou os olhos__ hoje?
__Hoje__ Joseph concordou__ vamos partir de Murdor esta noite e invadiremos Harenwall. Cansei de ser o bonequinho do Klaus, vou por um basta nisso de uma vez por todas.
E quando ele finalmente estivesse livre... Klaus ia pagar por tudo que o havia feito passar.
Fim do Capítulo

Desaparecidos.

Reino de Murdor

Demetria estava no salão do Palácio, servindo de empregada para o Rei Klaus. Ela e outras meninas serviam comida e bebida a ele quando lhe era pedido e ficavam por perto para satisfazer qualquer outra vontade. Parecia que aquela pequena vitória contra Alex e seus homens tinha novamente mudado seu humor, o deixando novamente alegre. Acordara-as antes do amanhecer para lhe designar as tarefas e durante esse meio tempo já tinha apalpado todas as meninas e fodido uma na frente de todos os presentes no salão, sem se importar com o que estavam pensando. Demetria tentou ignorar, devia era estar feliz por ter pegado uma prostituta qualquer e não ela, mas nada a deixaria feliz aquela manhã.
Não tinha dormido nada aquela noite, passara todo o tempo chorando, lembrando-se de Alex e de suas ultimas palavras. E quando fechava os olhos via o rosto de Joseph, e o pior de tudo, desejava que ele estivesse ali do seu lado para consolá-la, mas quando abria os olhos de novo lembrava-se do porque o havia mandado embora e voltava novamente a chorar. O mais estúpido de toda aquela história, era que tinha percebido que acabara se apaixonando por ele.

Ele a sequestrara, a levara até ali e observara várias vezes enquanto o Rei a maltratava, e matara muitas das pessoas que ela amava, e mesmo assim ainda estava apaixonada por ele, de algum modo, enquanto era prisioneira naquele lugar terrível, tinha criado laços muitos fortes que só tornariam o final daquela história mais doloroso.
Tinha de se lembrar frequentemente de que não estava em nenhum conto de fadas. E que consequentemente não teria um final feliz.
__Alteza?__ um dos homens de Klaus, que ela não conseguia se lembrar o nome, fez uma reverencia ao entrar no salão. Só havia ele e mais um soldado na sala de vigia enquanto o Rei se divertia, o resto era de mulheres. Klaus o havia mandado buscar Joseph havia alguns minutos e Demetria temeu durante todo o tempo o momento que ele passaria pela porta e ficaria parado ao lado do Rei observando com aqueles olhos azuis e terrivelmente profundos enquanto ela lhe servia de escrava. Mas o homem tinha voltado do mesmo jeito que fora... Sozinho.
__Onde está Joseph?__ Klaus perguntou. Seus dedos subiam e desciam pela perna de uma menina, não devia ter mais que quinze anos, e não parecia ser uma prostituta. Não era de Paola, pois Demetria conhecia todas as meninas do La Luna e também não parecia que tinha vindo de nenhum outro Bordel. Parecia que Klaus a tinha escolhido em algum canto da cidade e a trazido para lhe satisfazer, a pobre coitada da jovem tivera o azar de ser bonita e chamar atenção. Parecia querer chorar ou vomitar enquanto Klaus a tocava, mas se comportava bem, para sua própria segurança... Era esperta. Demetria bem sabia como manter a frieza diante de uma situação daquelas era difícil.
__Não o encontrei Alteza__ o homem disse num tom baixo e temeroso.
__Como assim não o encontrou?__ Klaus o fitou com atenção.
__O procurei por toda a cidade, ele desapareceu e seu cavalo não está nos estábulos__ o homem disse__ uma dúzia de bons cavalos também desapareceram, meus homens estão fazendo uma varredura na cidade para ver se mais algum homem sumiu, mas não encontraram Harry o ferreiro em sua casa.
__Está querendo me dizer que meu comandante fugiu com um ferreiro e um dúzia de cavalos?__ Klaus perguntou descontente.
__Os homens acharam que o senhor havia o enviado para alguma missão__ o homem disse__ ninguém o viu desde a tarde de ontem, quando saiu do Bordel La Luna.
Demetria estremeceu, a ultima vez que Joseph estivera no Bordel fora para conversar com ela. E teve a impressão de que sabia para onde ele e Harry tinham ido.
Foram a Harenwall resgatar a família de Joseph, finalmente decidiram por o plano em prática, pensou. Havia duas opções, ou eles conseguiriam finalmente a liberdade que tanto desejaram... Ou mais sangue seria derramado muito em breve.
Klaus empurrou a menina sentada em seu colo, e ela caiu sentada no chão, de olhos arregalados. Ele se pos de pé, toda sua alegria sumindo de repente e Demetria sentiu-se estremecer quando aqueles olhos verdes brilhantes a fitaram por um momento, depois ele caminhou até o homem e sussurrou algo em seu ouvido. O coração de Demetria se acelerou.
__Agora__ Klaus disse, dessa vez em voz alta.
__Sim Alteza__ o homem fez uma reverencia e saiu.
Klaus se virou para fitá-las novamente.
__Todas vocês, fora agora__ ele ordenou__ sumam da minha vista. Você__ apontou para o outro guarda no salão__ leve-as daqui o mais rápido possível e ordene que venha alguém limpar essa bagunça, tenho assuntos importante a resolver.
Demetria se deixou ser arrastada para fora do salão sem nada dizer... Tinha um mau pressentimento sobre aquilo.

Agora ou Nunca.

Cidade de Harenwall

Era noite quando Joseph finalmente puxou as rédeas do cavalo o fazendo parar, e avistou logo à frente os muros de Harenwall.
__Tem certeza que devemos fazer isso?__ Harry perguntou aflito.
__Agora não da mais para voltar atrás__ ele sussurrou.
Tinham partido de Murdor ao entardecer a quase três dias. A essa altura concerteza Klaus sentira sua falta e mandara homens procurá-lo por todo o canto. Não podiam alcançá-los ainda, tinham pelo menos um dia de vantagem, mas não podiam voltar atrás, isso significaria a morte. Talvez não a dele, mas concerteza haveria morte. Sentiu o coração disparado no peito, depois de tanto tempo, finalmente estava ali, há alguns metros de distancia da mãe e da irmã e a poucos minutos de finalmente revê-las. Quando Klaus se desse conta do que teria acontecido elas já estariam salvas, e ele poderia voltar a Murdor para resgatar os outros como prometera, depois que sua família estivesse livre, nada o impediria.

__Muito bem__ virou o cavalo na direção dos homens__ é agora ou nunca, lembrem-se do nosso plano, façam tudo como treinamos e daqui a poucas horas serão homens livres. Arriscam suas vidas por minha causa e farei o mesmo por vocês.
__Vamos conseguir__ Harry disse.
Sim, ele conseguiria. Além de salvar a vida da mãe e da irmã, agora tinha uma nova motivação. Sua mão deslizou para o cabo do punhal que tinha preso no cinto, o cabo de ouro, incrustado com pequenos rubis. O punhal que tinha roubado de Demetria na noite que a impedira de fugir. A lâmina o fazia lembrar-se dela, das noites que passaram juntos e que ela lhe encorajara apesar de todos os seus medos e duvidas, dizendo que tudo ficaria bem. Esperava que lhe trouxesse sorte.
__Boa sorte, nos vemos em breve.
Todos desceram de suas montarias, e se separaram como combinado para invadir a cidade por todas as entradas disponíveis. Dois homens, Jon e Connor, escalaram a parte mais baixa da muralha, para pegar os soldados de guarda lá cima.
Os dois não eram cavaleiros, na verdade eram ladrões e tinham muita experiência em escaladas, viviam zanzando pelos telhados e muros de Murdor para fugir dos guardas e Joseph melhorara muito suas habilidades e seu equilíbrio perseguindo homens como eles a mando de Klaus.
Apoiado em uma fenda na parede externa do muro, Jon puxou dois guardas de uma vez que estavam de costas pelos pés e os derrubou lá em baixo, o muro não era absurdamente alto, mas uma queda daquela altura era suficiente para incapacitá-los para luta. O movimento foi tão repentino e sorrateiro que nem tempo de gritar os homens tiveram, apenas tentaram se agarrar nos muros, mas acabaram se estatelando no chão. Um deles quebrou o pescoço, o outro as pernas e ficou gemendo lá em baixo no chão, não era possível ouvir seus lamentos de cima do muro e nem vê-los naquela escuridão. Jon se encolheu novamente na fenda quando um guarda passou por ali procurando por seus amigos e olhou em volta confuso. Um minuto depois, ele também caia em direção a escuridão, mas dessa vez com um faca enfiada no crânio.

Connor foi mais ousado e subiu na muralha sem medo de ser visto, matando os homens que encontrava com rapidez antes que eles pudessem pensar em reagir. Joseph havia lhe ensinado a não exitar e esperar que o inimigo se armasse. Não perca tempo com dúvidas, ele havia dito, Só faça o que tem de ser feito. Eles não pensarão duas vezes antes de matá-lo. E assim os homens de vigia sobre a muralha foram abatidos um por um.
Havia dois guardas no portão de entrada, Leon, era muito bom com arco e flecha e nunca errara um tiro. E depois que Joseph lhe ensinara os pontos vitais de onde se podia matar mais rapidamente um homem, ele se tornara terrivelmente perigoso. Parado, a alguns metros do portão, ele apertou os olhos para enxergar apesar da escuridão,
a escuridão não assusta, e sim o que há nela, Joseph havia lhe dito. Pode enxergar tão bem no escuro como se fosse um dia de sol, basta não ter medo do que pode encontrar.
O primeiro tiro foi certeiro, a flecha atravessou o pescoço do guarda, desprovido de proteção e enquanto ele caia no chão, Leon acertou o segundo, antes que ele pudesse entender o que estava acontecendo.
Jon, que havia descido pelo muro do outro lado, abriu o portão, fazendo o menor barulho possível e assim, sorrateiros e silenciosos como uma sombra, Joseph e os outros homens entraram.
__Onde está Connor?__ Joseph perguntou.
__Um dos soldados enterrou a faca em sua barriga, ele perdeu o equilíbrio e caiu da muralha.
Não houve tempo para lamentos, eles seguiram com o plano.
Uma vez dentro de Harenwall, eles se dividiram e se espalharam para acabar com os guardas espalhados pela cidade e Joseph se esgueirou pelo canto até a casa antiga onde mantinham sua família refém. Não havia uma viva alma na rua além do guardas e Joseph agradeceu por isso, embora achasse meio estranho. Era melhor evitar confusão e a perda de inocentes.
Assim como o menino lhe dissera, havia seis homens protegendo a entrada da casa. Não havia como se aproximar sem ser visto, então Joseph teria que avançar e lutar contra os seis, o que não era um problema, principalmente agora que os outros guardas tinham sido abatidos e não haviam como pedirem por socorro. Então criando coragem, ele saiu das sombras com a espada em uma mão e o punhal de Demetria em outra.
__Quem é você?__ os guardas se agitaram e puxaram suas espadas, se pondo em posição de ataque.
__O cavaleiro das sombras.
E enquanto os homens arregalavam os olhos, ele avançou sem pensar duas vezes. O primeiro homem morreu com um corte profundo no rosto, que teria dividido sua cabeça em dois se Joseph tivesse posto um pouco mais de força no golpe. Confundiu o segundo quando jogou seu manto negro sobre ele e enquanto homem lutava para se libertar da escuridão, cortou a perna de outro e quando ele caiu, enterrou a espada em seu peito. Quando o guarda se viu livre do manto, deu de cara com a espada de Joseph e nem teve tempo de gritar.
O quarto guarda lhe investiu alguns golpes mais desesperados do que calculados e logo tinha ido parar no chão. Outro deles, acabou por derrubar sua espada no chão, mas Joseph ainda tinha o punhal, acertou o homem entre as pernas com um chute e quando ele se encolheu de dor, enterrou o punhal em sua barriga. O outro homem se ajoelhou no chão assustado, tinha levado uma pancada no rosto em meio à confusão e agora parecia apavorado.
__Me rendo, me rendo__ o homem repetia de olhos esbugalhados.
__Que bom__ Joseph sorriu__ menos trabalho para mim.
Pegou uma faca qualquer que tinha enfiada no cinto e enterrou com toda sua força no crânio do guarda. Ele caiu no chão de olhos arregalados e sem vida enquanto sangue escorria por sua testa e descia por entre os olhos. Joseph respirou fundo uma vez, pegando a espada do chão e apertando o punhal de ouro entre os dedos.
__É agora ou nunca.
E entrou na casa com o coração saltando do peito.

Tarde Demais

Quando Joseph entrou na pequena cabana, ela estava vazia. Era ainda menor do que parecia por fora, não havia nenhum móvel, nem alguma porta que levasse a outro cômodo, e não havia ninguém lá dentro. Olhou em volta confuso.
__Mãe?__ chamou, mesmo que já soubesse que não haveria resposta, que não havia ninguém ali__ Macayla?
O silencio se prolongou por um tempo e ele ficou ali encarando o espaço vazio até que ouviu passos atrás de si.
__Joseph?__ Harry chamou__ o que houve? Cadê elas?
__Não estão aqui__ Joseph sussurrou__ está vazia, elas não estão aqui.
__Fomos enganados__ Mike murmurou__ vasculhamos a cidade depois de matar os guardas, está completamente vazia comandante, não tem nenhuma alma viva. Nenhum morador, bêbado, mendigo, mulher, criança... Ninguém... Só haviam os guardas e mais nada, as casas estão todas vazias.
Joseph não podia acreditar naquilo. Tinha saído escondido de Murdor, armado todo aquele plano, arriscado tudo matando aqueles guardas e no fim das contas... Elas não estavam lá. Mais uma vez tinham escapado por entre seus dedos, como água. Tinha estado terrivelmente perto de conseguir tudo o que mais desejara nos últimos dezoito anos, e tinha perdido mais uma vez.
__Joseph__ Harry chamou.
Ele se virou para fitá-lo, os olhos azuis vazios.
__Estava grudado na porta com um prego.
Harry estendeu para ele um pedaço de pergaminho. Joseph olhou os homens confuso e pegou o papel com mãos trêmulas. Demorou um longo minuto para digerir as palavras ali escritas.
Sinto Muito desapontá-lo Cavaleiro das Sombras, mas chegou tarde demais.
Espero que a aventura tenha valido a pena, pois pagará muito caro por ela.
Ass.: Klaus
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Fim do Capítulo

Fofis MIL DESCULPAS por ñ ter postando esses 9 dias ... Mais eu posso explicar 1° O COLEGIO,eu ainda sai de férias (Dia 20 é o ultimo dia) e pra piorar eu to cheia de prova e eu só tenho 1 semana (EU MERECE) e 2° Minha mãe estava no hospital e ela teve q se opera então imaginem ...
AH AMANHÃ EU POSTO MAIS 2 OU 3 CAPITULOS !!! Beijos

10 comentários:

  1. td bem .. entendemoso pq da demora =)

    adorei os caitulos !!!! possssssssta loggggo

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  2. POSTA POR FAVOR!!!!!!!!!!! Essa historia é a mais perfeita de todas *u* eu sempre acompanhei seu blog, porem nao comentava, mas agora vu tentar comentar em todos...e por favor POSTAAAAAAAAAA
    Bjsss

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    1. POSTEI ... Espero q vc posta comentar e ler o blog todas as vezes q eu postar ... Bjos

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  3. Nós te entendemos sweetie :)

    Eu estou ansiosa para os próximos capítulos, essa fis está cada vez melhor.
    Posta logo xx

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  4. Melhoras pra sua mom! Posta logo!A história ta a cada dia mais perfect!!

    Bjuus XOXO

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  5. ESTOU EXTREMAMENTE CHATEADA COM VC, TUDO BEM QUE A SUA MAE ESTAVA NO HOSPITAL, TEVE QUE OPERAR E QUE VOCE TEM SEUS DEVERES DE CASA E AS SUAS PROVAS MAIS POXA DA OUTRA VEZ VC FICOU 9 DIAS SEM POSTAR E AGORA DE NOVO. ESTOU DESAPONTADA , AMO A HISTÓRIA MAIS ESTOU PENSANDO SERIAMENTE EM PARA DE FREQUENTAR O BLOG. POXA SEMPRE FAÇO O POSSIVEL PARA ENTRAR AQUI VER SE VOCE POSTOU COMENTAR OS POSTES MAIS POXA PARECE QUE VOCE NEM DA VALOR. DESCULPE O DESABAFO MAIS ESTOU MUITO ENTRISTECIDA COM A DEMORA DOS POSTES. MELHORAS PARA A SUA MAE. POSTA LOGO! A HISTÓRIA ESTÁ LINDA

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    1. POSTEI Flor ... E ñ se preocupe acho q agora vai ta para mim postar pelo menos um dia sim um dia ñ só nas minhas ferias q eu vo pra casa da minha Dinda e vou ficar +/- 2 dias la e ñ vai da pra mim postar mais ai eu aviso ... Bjos

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